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TenenTe-General
ComandanTe das Forças
TerresTres
Eduardo MEndEs FErrão
Exército tem vindo a modernizar-se,
mostrando uma notável disponibi-
lidade para, de forma sustentada e
credível, gerar e melhorar as suas
O capacidades, adaptando-se em perma-
nência a novas realidades, sem perder de vista, nunca, o
seu elemento humano como fator central. Sabendo que
existe um longo caminho a percorrer, o ciclo estratégico
que agora abrimos tem como princípio base um desíg-
nio de “consolidar e progredir”, centrado no conceito de
eficiência com um olhar responsável sobre os recursos
disponíveis, cujo escrutínio é cada vez mais exigente.
O Comando das Forças Terrestres contribui para formar os nossos militares para o futuro, por forma
a serem capazes de atuar num ambiente operacional altamente volátil e complexo, contrariando as visões
simplistas orientadas exclusivamente para “Exércitos de resposta a crises”.
Do combate assimétrico, passando pelo híbrido, ao convencional de alta intensidade, a mente humana
demonstra uma enorme adaptabilidade para encontrar novas soluções para os problemas táticos,
operacionais e estratégicos que o futuro determina.
Assistimos, assim, à tendência crescente para a incorporação de novas tecnologias, particularmente,
sistemas não tripulados, robótica, sistemas de informação e comunicações, substituindo e
recondicionando, mas também potenciando, capacidades que considerávamos como certas e imutáveis,
suscitando um investimento crescente em investigação, desenvolvimento e inovação.
O combate do presente e do futuro é, necessariamente, cada vez mais colaborativo, centrado nas mais-
-valias de cada elemento e de cada sistema, em que a interdependência assume primazia. O crescente
volume de informação e a celeridade imposta ao seu tratamento vieram complexificar o processo de
decisão militar, integrando um cada vez maior número de variáveis e visando a sua sincronização, para
uma aplicação eficaz, no tempo e local, das diferentes capacidades.
É por isso essencial integrar neste processo modernos sistemas de gestão da informação, recorrendo
também à inteligência artificial, que, sem se substituírem ao elemento humano, constituirão apoio
indispensável para uma tomada de decisão informada, rigorosa e oportuna.
Cabe-nos pôr de lado as nossas certezas e manter o espírito aberto, sermos capazes de questionar e
aprender em movimento, de modo mais rápido e com menos erros que o adversário. Sim, com menos
erros que o adversário… O tratamento da informação deve ser uma das prioridades dos comandantes
do futuro. Temos de ser capazes de produzir líderes pragmáticos com grande agilidade mental, hábeis a
estudar e planear com detalhe as operações, com as ferramentas colocadas ao seu dispor, e conhecedores
profundos das capacidades disponíveis, nunca esquecendo o fator humano como determinante.
Nestes termos, devemos olhar para o futuro com a ambição que converte obstáculos em desafios
sustentáveis para uma capacidade operacional que se identifica como um sistema de sistemas, atento à
importância das novas doutrinas, baseadas na experiência e na sistematização de lições aprendidas. JE
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