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Cultura & Lazer
UMA VISÃO DA HISTÓRIA
cerca de 15 meses internado. Os meus agrade-
cimentos pela grande competência, pelo gran-
de carinho e pela estima e amizade sentidas.
Lá salvaram a minha perna direita, que esteve
para ser amputada abaixo do joelho, devido a
uma grave inflamação no osso da tíbia. Estes
aspetos foram decisivos para o reinício da mi-
nha vida.
E foi lá que conheci a minha primeira espo-
sa, uma enfermeira daquele hospital militar,
a Waltraud Paula Beier, que todos os pacien-
tes portugueses chamavam Paulinha. Com ela
vim a casar, em Hamburgo, no dia 24 de março
de 1970, precisamente, dois anos depois de ter
sido atirado ao ar! Chamamos a isto Ironia do
destino.
A Waltraud foi a mãe dos meus dois filhos,
o Oliver (Wolfgang Oliver) e o Michael (Micha-
el António).
Claro que nunca esquecerei Nangololo.
O meu coração ficou, apesar de tudo, ligado
Primeira esposa do autor, enfermeira Paula Beier também a Moçambique. Quem me dera poder
lá voltar, em viagem turística, claro. JE
fim de evitar ser abatido pelos guerrilheiros da Evacuação de um ferido
FRELIMO.
Valeu-nos, no fundo, o apoio que tivemos
no local, prestado por outros camaradas e pelo
médico e enfermeiros da Companhia, bem
como a competência de todo o pessoal de me-
dicina e de enfermagem da clínica de campa-
nha, em Mueda, e pelos médicos e enfermeiros
do Hospital Militar de Nampula.
Depois, passei pelo Hospital Militar de Lou-
renço Marques (hoje Maputo) e pelo anexo em
Campolide, do Hospital Militar de Lisboa.
Em agosto de 1968 fui enviado para o Bun-
deswehrlazarett, em Hamburgo, onde os tra-
tamentos continuaram e iniciei a reabilitação,
física e psíquica, a fim de me poder reintegrar
na vida do dia a dia.
Devo a todo o pessoal médico e de enfer-
magem deste hospital militar alemão, hoje
denominado Bundeswehrkrankenhaus, onde,
nos anos de 1968 e 1969, passei – ao todo –
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