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                                                                                       Cultura & Lazer .45
                                                                                                                             .45
                                                                                       Cultura & Lazer

                                                                                           UMA VISÃO DA HISTÓRIA







                                                                                  cerca de 15 meses internado. Os meus agrade-
                                                                                  cimentos pela grande competência, pelo gran-
                                                                                  de carinho e pela estima e amizade sentidas.
                                                                                  Lá salvaram a minha perna direita, que esteve
                                                                                  para ser amputada abaixo do joelho, devido a
                                                                                  uma grave inflamação no osso da tíbia. Estes
                                                                                  aspetos foram decisivos para o reinício da mi-
                                                                                  nha vida.
                                                                                     E foi lá que conheci a minha primeira espo-
                                                                                  sa, uma enfermeira daquele hospital militar,
                                                                                  a Waltraud Paula Beier, que todos os pacien-
                                                                                  tes portugueses chamavam Paulinha. Com ela
                                                                                  vim a casar, em Hamburgo, no dia 24 de março
                                                                                  de 1970, precisamente, dois anos depois de ter
                                                                                  sido atirado ao ar! Chamamos a isto Ironia do
                                                                                  destino.
                                                                                     A Waltraud foi a mãe dos meus dois filhos,
                                                                                  o Oliver (Wolfgang Oliver) e o Michael (Micha-
                                                                                  el António).
                                                                                     Claro que nunca esquecerei Nangololo.
                                                                                  O meu coração ficou, apesar de tudo, ligado
                     Primeira esposa do autor, enfermeira Paula Beier             também  a  Moçambique.  Quem  me  dera  poder
                                                                                  lá voltar, em viagem turística, claro. JE

                  fim de evitar ser abatido pelos guerrilheiros da                                        Evacuação de um ferido
                  FRELIMO.
                     Valeu-nos, no fundo, o apoio que tivemos
                  no local, prestado por outros camaradas e pelo
                  médico e enfermeiros da Companhia, bem
                  como a competência de todo o pessoal de me-
                  dicina e de enfermagem da clínica de campa-
                  nha, em Mueda, e pelos médicos e enfermeiros
                  do Hospital Militar de Nampula.
                     Depois, passei pelo Hospital Militar de Lou-
                  renço Marques (hoje Maputo) e pelo anexo em
                  Campolide, do Hospital Militar de Lisboa.
                     Em agosto de 1968 fui enviado para o Bun-
                  deswehrlazarett, em Hamburgo, onde os tra-
                  tamentos continuaram e iniciei a reabilitação,
                  física e psíquica, a fim de me poder reintegrar
                  na vida do dia a dia.
                     Devo a todo o pessoal médico e de enfer-
                  magem deste hospital militar alemão, hoje
                  denominado  Bundeswehrkrankenhaus, onde,
                  nos anos de 1968 e 1969, passei – ao todo –



                                                                                                                   JE
                                                                                                                    JE  708– ABR21 708 – ABR21


         JE_Abr21.indb   45                                                                                                  26/07/2021   15:36:00
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