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            “
                                                                                      UMA VISÃO DA HISTÓRIA








                      Surgia a necessidade de uma instituição vocacionada para
            a promoção do conhecimento das ciências, das artes, das letras e

            das tecnologias, e seu ensino, que contribuísse para o progresso do
            País, em consonância com os ideais iluministas…”





               Desde o Renascimento dos séculos XV e XVI, com        ciências em Portugal” . As suas propostas políticas,
                                                                                         1
            o progresso científico e tecnológico que se verificou,   culturais e pedagógicas vão incidir sobre diversas áreas
            vinha-se afirmando o primado da experiência, a valo-     do saber e da atividade cultural, social e económica
            rização de um conhecimento pragmático – o "saber de      da Nação, surgindo a Academia, segundo os objetivos
            experiências feito", enaltecido por Camões.              programáticos iniciais, na senda de uma tradição maior
               Em Portugal, já no reinado de D. João V (1707-
            1750) fora fundada,  em 1720, a  Academia Real de
            História e um Gabinete de História Natural. Porém, a
            precursora direta da Academia das Ciências de Lisboa
            terá sido a Academia de Medicina e História Natural do
            Rio de Janeiro. No reinado de D. José I, sob a égide do
            Marquês de Pombal, foram empreendidas importantes
            reformas no Estado e nas instituições (sobretudo no
            ensino), marcadas pela secularização e pelo contrapon-
            to em relação à Igreja Católica, pela centralização do
            poder na Coroa e também, no plano económico, pelas
            reformas mercantilistas, no quadro da ideologia domi-
            nante do despotismo iluminado.
               Surgia a necessidade de uma instituição vocacio-
            nada para a promoção do conhecimento das ciências,
            das artes, das letras e das tecnologias, e seu ensino, que
            contribuísse para o progresso do País, em consonância
            com os ideais iluministas, e que de alguma forma fosse
            inovadora relativamente às academias literárias e salões
            de inspiração barroca, dos séculos XVI e XVII.
               Em 24 de dezembro de 1779, a Rainha D. Maria I
            aprovou, por aviso régio assinado pelo Secretário de
            Estado Visconde de Vila Nova de Cerveira, o estabe-
            lecimento da Academia das Ciências e seu plano de
            estatutos. A primeira sessão pública teve lugar no dia 4
            de julho de 1780, tendo a oração de abertura sido lida
            pelo académico Teodoro de Almeida (1722-1804). A
            sua fundação foi inspirada por um "sentido de mo-
            dernidade”, surgindo como a "primeira academia das
            ciências de âmbito nacional cuja atividade marcou de     Gravura de Vieira Lusitano alusiva à criação da Academia Real
            modo significativo, e diferenciado, o panorama das       da História Portuguesa



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