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            primeiro), na Câmara Municipal de Lisboa (primeiro
            diretor do Departamento de Cultura, em 1989/92) e
            Câmara Municipal de Oeiras (onde atingi o «generala-
            to» da Função Pública, como assessor principal, sendo
            o primeiro coordenador da Livraria-Galeria Municipal
            Verney e tendo recebido duas medalhas municipais de
            bons serviços de grau ouro).
               Pelo que conheço das obras literárias que publicou,
            o interesse pela escrita apareceu praticamente a par do
            início da sua carreira como oficial do Exército. O ter
            ido para África, para cumprir uma comissão militar e
            ter entrado em combate muito jovem, foi essa experi-
            ência que o fez começar a escrever?
               Afirmativo, embora o meu Pai tivesse fundado a
            Revista do Ar, da qual foi o primeiro diretor, e eu sido
            escolhido pelo meu curso finalista para o representar
            na revista do Colégio Militar em 1954/55. Mas penso
            que foi em 1964, na Guiné, que me iniciei, de facto, nas
            Letras, nomeadamente a convite do furriel miliciano
            Reis Cunha, do Porto, que organizava um jornal de
            parede e se queixava de falta de colaboração de oficiais.
               Escrevi sobre um desembarque debaixo de fogo, na
            importante operação TORNADO, quando destruímos
            o acampamento de Nino Vieira, que viria a ser Presi-
            dente da República da Guiné. Alguém reparou e enviou
            o artigo para a Revista de Cavalaria, que o publicou,
            seguindo-se o Jornal do Exército e o Diário Popular, o    Radiografia Militar, capa da primeira edição
            que deve ter assegurado a continuidade da colaboração
            no Jornal do Exército.                                     Quando aconteceu o 25 de Abril de 1974, eu já não
               Fui convidado para chefe de redação da revista De-   estava no serviço ativo militar, mas na reforma extra-
            fesa Nacional, onde participei em palestras na Emissora   ordinária por ser deficiente. Trabalhei, em regime de
            Nacional; para subdiretor do Combatente; e a colaborar   voluntariado, com o meu camarada de curso Otelo
            na Revista Militar, onde recebi o prémio Almirante      Saraiva de Carvalho, recentemente falecido, no Palácio
            Augusto Osório, sendo também premiado, por várias       Vilalva, quando ele era governador militar de Lisboa e
            vezes, nos Jogos Florais da Emissora Nacional.          onde já funcionou o Jornal do Exército. Uma editora,
               Mais tarde, em 1976/77, colaborei no programa        que publicara livros de Otelo e Vasco Lourenço, convi-
            “Contraponto”, da Rádio Difusão Portuguesa, sendo       dou-me a escrever um, o Radiografia Militar, que era
            responsável por uma emissão semanal que reportou,       para ser lançado em maio de 1975 na Feira Popular, no
            por exemplo, a primeira entrevista de conjunto dos      pavilhão de O Século, associado à Moraes Editora.
            candidatos à Presidência da República: Ramalho Eanes,      Surpreendentemente, não houve lançamento, em-
            Pinheiro de Azevedo, Otávio Pato e Otelo Saraiva de     bora estivessem presentes várias entidades, como os
            Carvalho.                                               futuros Generais Amadeu Garcia dos Santos e Alípio
               Os seus  livros Radiografia Militar e Na 23ª hora do   Tomé Pinto e o Coronel Manuel Bernardo; órgãos de
            MFA saem um pouco da linha das suas obras anterio-      comunicação como Nova Gente e Diário Popular; e o
            res. O que o levou a escrever estes dois livros?        autor do prefácio, o psicólogo francês Yann Thireau.
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