Page 181 - recrutamento
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5. A mobilização, Recrutamento
                 e Guerra Durante a Monarquia Dual (1581-1640)

               Mourão. Foram enviadas 5 companhias de Lisboa comandadas por Pero Jimenez
               de Heredia , que se mantiveram em Beja até ao final do mês de outubro.
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                     A 26 de Agosto de 1595 D. António morreu em Paris. Filipe I não pôde
               desfrutar da notícia por mais que um ano, porque em agosto de 1596 teve
               lugar novo alarme. Uma nova frota inglesa, comandada pelo duque de Essex e
               Charles Howard, preparava-se para levantar ferro. Sabia-se que a bordo seguia
               Cristóvão de Portugal, filho de D. António, o que colocava em causa, mais uma
               vez, a estabilidade da recente união política entre os dois reinos. A agravar esta
               situação, os preparativos para a defesa de Lisboa desenrolaram-se num clima
               de conflitualidade provocado pela nomeação Juán da Silva para capitão geral do
               Reino . Os portugueses mais influentes, nomeadamente aqueles que tinham
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               assento no “Conselho de Portugal”, lembravam o acordado nas cortes de Tomar:
               “Vossa Majestade não deve nem pode nomear pera o governo de Portugal o
               conde de Portalegre por não ser português” ; acrescia a acumulação de cargos
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               na mesma pessoa - governador e capitão geral. A chegada do “Adelantado mor”
               de Espanha, Martín de Padilla, nomeado general de terra e mar para coordenar
               o dispositivo defensivo, acicatou os ânimos; mais um oficial espanhol que se
               sobrepunha aos portugueses. O resultado foi o episódio descrito por Roiz Soares
               como “a revolta dos ingleses” , e envolveu o motim dos principais oficiais das
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               tropas levantadas, que que se recusaram a servir sob as ordens dos espanhóis.
               Foram apoiados por alguns dos membros do conselho dos governadores, como
               Jorge de Ataíde e Diogo de Sousa e D. Luís de Lencastre.
                     Nenhum dos “revoltosos” compareceu aos vários “alardos” que tiveram
               lugar no Terreiro do Paço, mas apesar do ambiente tenso, os preparativos para a
               defesa de Lisboa continuaram envolvendo um enorme esforço de recrutamento.
               De facto, aos portugueses importava não descurar a defesa, e apresentar factos
               palpáveis  que  testemunhassem  uma  dedicação  inequívoca  na  defesa  do  seu
               próprio território. Este esforço notável encontra-se documentado por Francisco
               da Costa Pereira, presumível alistado durante o alarme de 1589  como “alferes”
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               61  Livros de “mostras” dos soldados espanhóis nos presídios de Portugal, ANTT.
               62  ALVARÉZ, Fernando Bouza – De las alteraciones de Beja (1593) a la revuelta lisboeta de los
               ingleses (1596). Lucha política en el último Portugal del Primer Felipe”, in Stud. Hist. Nº 17, 1997.
               Salamanca: Ediciones de la Universidad, p. 111.
               63  “Cartas de D. Jorge de Ataíde”, BNL, colecção Pombalina, cod. 641, fol. 640v.
               64  SOARES, 1953, pp. 333-336.
               65  ANTT, Corpo cronológico, doc. 142, p.1.
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