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5. A mobilização, Recrutamento
e Guerra Durante a Monarquia Dual (1581-1640)
da companhia de Gonçalo Roiz Caldeira, pertencente ao “terço” de Manuel
de Castelo Branco. O seu livro, intitulado “Tratado do Provimento de Guerra”,
foi dedicado a D. Luís de Lancastre (figura 4), vedor da fazenda, membro do
conselho de Estado, e um dos protagonistas da “Revolta dos Ingleses”. Ao longo
dos 27 capítulos do manuscrito, descrevem-se longa e detalhadamente os
extensos preparativos, nomeadamente o levantamento das tropas portuguesas,
e permite apreciar a enorme dimensão do esforço de recrutamento. De facto,
não se recorreu apenas ao potencial da região de Lisboa, mas chegaram
contingentes substanciais provenientes de outras partes do reino.
Em 1596, o levantamento de homens foi alargado à região de Lisboa
e a norte do seu termo. Fizeram-se sete “terços”: cinco com as companhias
de Lisboa, um com a gente de Cascais e outro com a gente da Comarca de
Leiria. Este último foi levantado pelo Mestre de campo António Pereira em
“Torres Vedras e no seu termo” . Mesmo depois de suspensas as ordenanças,
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as companhias de Lisboa forneceram a maior parte dos soldados portugueses
arrolados. Podemos, portanto, concluir que o sistema dos “terços” de origem
espanhola, introduzido por D. Sebastião se manteve em vigor. O regime de
adestramento seguiu igualmente o mesmo padrão das ordenanças de 1570.
Pero Roiz Soares, testemunha ocular, referiu que os capitães supervisionavam
o exercício das suas companhias todos os domingos e dias santos.
tabela 4 – os “terços” portugueses no alarme de 1596, in Francisco da Costa Pereira
Terço Companhias
lisboa
Coronel Gil Eanes da Costa 9
Coronel Manuel de Melo de Sampaio 7
Coronel Francisco de Almeida 9
Coronel Diogo Gomes de Abreu de Lima 10
Coronel Nuno Velho Pereira 10
66 “Mandado do pagador Gerónimo de Aranda para o pagamento do Terço de infantaria
portuguesa que o Mestre de campo António Perira haveria de levantar em Torres Vedras e no seu
termo”, ANTT, CC, P. I, M. 275, doc. 109, s.d. [1596].
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