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5. A mobilização, Recrutamento
e Guerra Durante a Monarquia Dual (1581-1640)
Niño . Na génese deste “tercio” encontravam-se as “banderas” de Juan de
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Sandoval, que participaram na “jornada das Islas de los Açores” de 1583.
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As tropas portuguesas completaram este contingente, mas aparentemente
em posição subsidiária. Como será rotina nos anos que se seguiram, o que
acabaria por minar a pouca confiança mútua ainda existente.
3. a defesa da nova fronteira
A organização da “Grande Armada” introduziu uma nova dimensão no
recrutamento de soldados portugueses. Um facto novo: já não se tratava de a
defesa do território, mas da participação numa expedição claramente ofensiva,
e dirigida para um teatro de operações fora do contexto geoestratégico do
Portugal anterior à união ibérica. A participação de soldados portugueses
numa expedição deste cariz havia sido ensaiada no ano anterior, quando o
cruzeiro de Drake se dirigiu aos açores: foi levantada uma “bandeira” de 5
companhias às ordens de um oficial português, D. João de Vasconcelos51.
Para a “Grande Armada”, foram organizadas duas bandeiras cada uma de 1000
homens divididos por 5 companhias ; o comando foi novamente entregue a
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dois portugueses, Gaspar de Sousa e António Pereira. O recrutamento levado a
cabo em várias cidades, muito difícil de concretizar, necessitou do reforço dos
oficiais da coroa envolvidos neste processo. Como é fácil concluir, a perspetiva
de embarcar para combater continuava fora das ambições da população. Mas
a confiança nos fidalgos portugueses não parece ter sido colocada em causa
numa situação de intervenção militar fora do território de Portugal. Ou talvez
não. Inicialmente destinados a embarcar nos navios da “esquadra de Portugal”,
as bandeiras foram desmembradas e as respetivas companhias distribuídas por
embarcações de outras nacionalidades, chegando-se ao extremo de alterar o
comando de algumas destas. Uma vez mais, e apesar das aparências (figura 3),
é notória a desconfiança que os espanhóis depositavam nos seus “camaradas”
de armas portugueses.
49 CUESTA, Julio Albi de la – De Pavía a Rocroi. Los tércios de infantería española en los siglos ZVI
y XVII. Madrid: Balkan Editores, 1999, p.p321-328.
50 CUESTA, 1999, pp.321-328.
51 SALGADO e VAZ, 2002, p. 50.
52 SALGADO e VAZ, 2002, pp. 51-53.
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