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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi
Aclamação de D. João IV, caracterizamos a raia luso-hispânica, atendendo
que a guerra foi sobretudo fronteiriça, avançamos para a organização militar
traçada pelos decisores político-militares portugueses, com destaque para
as incidências respeitante ao recrutamento e mobilização, perscrutando o
modelo implementado pela Espanha, e acompanhamos as contingências
da guerra de usura, imagem de marca do conflito até finais de 1650. Nota
final para as decisivas batalhas do Ameixial e de Montes Claros e o modus
operandi diferenciador relativamente aos anos precedentes, que permitiu o
bom sucesso das armas portuguesas.
Particularmente na guerra peninsular, a prestação política dos dirigentes,
o emprego do «braço» armado, a arte da diplomacia e a entrega das populações,
o nervo defensivo português, escreveram uma das mais apreciáveis páginas da
nossa História.
a guerra no século XVII
Século de Marte ou a omnipresença da guerra, eis o século XVII. De facto,
escorados na força ideológica da religião e sustentados na economia mercantilista,
os príncipes fizeram as suas guerras de estado, onde as questões dinásticas, a
procura de poder e prestígio pessoal, o «jogo» das fronteiras naturais, a cobiça de
recursos, a obsessão hegemónica ou a procura do equilíbrio de poderes levaram
a guerra a todo o tecido social europeu, fazendo do continente e, por inerência,
do mundo a ele ligado, um imenso campo de batalha, em terra e no mar. Guerra
generalizada que se desenrolou tanto entre entidades estatais soberanas, como
no interior dos próprios estados. Como guerras intraestatais temos as separatistas,
concretamente das Províncias Unidas/Holanda (1568-1648), Catalunha (1640-
-1652) e Portugal (1640-1668) contra a tutela hispânica, a guerra civil inglesa entre
os realistas de Carlos I e os parlamentares de Cromwell (1642-1649), a guerra
civil da Fronda, em França (1648-1653), e o endémico conflito religioso entre
católicos e protestantes no interior do Sacro Império Germânico (1618-1648).
Dos conflitos entre estados, continuados ou com intermitências, destacamos o
franco-espanhol (1629-1659), o anglo-holandês (1652-1674), franco-holandês
(1672-1678) e o franco-inglês, sendo este último uma rivalidade entre o poder
terrestre e o marítimo que se prolongaria até ao século XIX. De todas, sobressai
a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), conflito de maior amplitude da História
Moderna e subsidiário dos ocorridos na primeira metade do século.
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