Page 45 -
P. 45

+
                                                                                                                       .45
                                                                                 Cultura & Lazer .45
                                                                                 Cultura & Lazer
                                                                                      UMA VISÃO DA HISTÓRIA







            Espanhóis. Atentemos, Filipe II de Espanha con-
            quistou as Filipinas (ilhas de Luções), em 1571,
            pelo que o receio nipónico do demónio do meio-
            -dia era real. Mas o Japão, ao contrário das Fili-
            pinas, já não era um arquipélago espartilhado e
            habitado por indígenas que usavam azagaias e
            lanças como armamento de guerra.
               Entretanto, a partir de meados do século
            iniciou-se a missionação do território japonês,
            através do jesuíta Francisco Xavier (1506-1552),
            com o qual Fernão Mendes Pinto privou no arqui-
            pélago. A ação dos jesuítas condicionou opções
            estratégicas dos senhores da guerra, converteu
            dáimios ao Cristianismo e, em 1580, estabelece-
            ram-se em Nagasaki. Até que, no final do século,
            começaram a ser vistos como monges-guerreiros,
            passíveis de manipularem os alicerces imperiais,
            sendo lançado o primeiro édito anticristão em
            1590. Então, quando as companhias comerciais
            inglesas e, principalmente, holandesas, surgiram
            em cena mais interessadas em comercializar do              Diogo Zeimoto oferece a espingarda de mecha ao nautaquim
            que em evangelizar, os Portugueses foram sendo
            afastados, até à sua expulsão em 1639.                                 Fonte : José Ruy, in Fernão Mendes Pinto e a sua Peregrinação




                                                                            Memória Histórica
                                                                               Se a chegada dos Portugueses ao Japão cons-
                                                                            tituiu um factor de enriquecimento cultural e a
                                                                            transição para o mundo moderno, a introdução
                                                                            da arma de fogo viabilizou a unificação política
                                                                            interna e a dissuasão externa. Só por si, o facto
                                                                            de Portugal estar indelevelmente ligado a esta re-
                                                                            alidade histórica é notável. E tudo graças a um
                                                                            instrumento militar, a espingarda de mecha. Na
                                                                            verdade, os Japoneses não só reconhecem o fac-
                                                                            to como o salientam publicamente. Basta atentar
                                                                            no sugestivo título impresso no relato de chegada
                                                                            dos Portugueses ao Japão:  Teppo-ki (Crónica da
                                                                            Espingarda); nas festividades que todos os anos,
                                                                            no último fim de semana de julho, têm lugar no
                                                                            local de desembarque, em Nishinoomote (ilha de
                                                                            Tanegashima), com o nome Festival da Espingar-
            Contingentes armados com espingarda de mecha                    da; ou, ainda, lembrar a existência de uma lápide
                    Fonte : Tapeçarias D. João de Castro, Museu Kunft Historysches – Viena de Áustria)  na praia em memória dos Portugueses. JE



                                                                                                              JE
                                                                                                              JE  698– ABR20 698– ABR20
   40   41   42   43   44   45   46   47   48   49   50