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46. Cultura & Lazer
ROTEIROS MILITARES
Praça-Forte de Valença os circunda em toda a sua extensão. Para os ligar foram
A Princesa do Minho construídas uma ponte e uma porta, a do Meio.
Seguindo o traço do francês Miguel de Lescole (ou
l`École), o português Manuel Pinto de Vilalobos, seu
discípulo, dirigiu as obras que, no essencial, em 1716
se encontravam concluídas, apesar de, nas décadas
seguintes, pontualmente, novos melhoramentos e in-
dispensáveis consertos continuassem a ser realizados,
estendendo-se, mesmo, ao século XIX.
Pronta, a praça-forte passou a ser composta por
uma sobreposição de recintos fortificados e de obras
defensivas posicionadas ao longo das encostas, de
modo a tirar o máximo proveito da orografia, o que se
traduziu no erguer de dez baluartes (sete na Magistral
e três na Coroada), alguns com cavaleiros, estruturas
mais elevadas e guarnecidas de canhoeiras para reforço
do potencial de fogo; de dois meio-baluartes (ambos na
Coroada); cinco revelins (dois a nascente e um a poente
da Magistral e dois a sul da Coroada) e duas tenalhas
(apenas uma subsiste).
O ponto de partida para conhecer Valença é a Porta
do Sol, situada no lado nascente das muralhas e a ela se
chega através da Avenida dos Combatentes da Grande
Valença
Guerra. Aqui, para além do estacionamento existente
Num outeiro sobranceiro ao rio Minho, Valença – até no exterior, encontra na casamata da porta a loja de
1262 denominada Contrasta (a que se opõe), pelo con- turismo, que, obviamente, dispõe de toda a informação
fronto espacial e militar com a galega e oponente Tui, de apoio à visita.
na margem oposta – durante séculos vigiou a travessia De lá poderá seguir, pela direita, na direção do an-
do rio e defendeu a terra lusa. tigo Palácio do Governo Militar, situado no largo com
Do castelo e muralhas medievas, à semelhança do o mesmo nome, junto ao baluarte do Faro. Construção
primitivo nome, não restam mais do que resquícios, setecentista, mas de grande simplicidade decorativa, foi
integrados na praça-forte atual, que, como sucedeu a casa do governador e o local da Aula Real de Artilharia,
noutras importantes praças raianas, começou a ser alojando atualmente as Finanças.
delineada no contexto da Guerra da Restauração, para Daí siga pela Rua Dr. José Augusto Vieira, percor-
defesa da independência readquirida em 1640. rendo as muralhas. Passe pelo baluarte de São Fran-
Na sequência de um assédio espanhol, em 1657/58, as cisco e veja, adiante e em baixo, o revelim da Gaviarra.
obras de defesa da povoação estenderam-se ao outeiro Procure, agora, a porta com o mesmo nome que por ali
vizinho, denominado do Bom Jesus, o que esteve na fica mais à frente. Construída em íngreme subida, está
origem da obra Coroa ou Coroada, como ficou conhecida, meio dissimulada, pelo que podia servir como porta das
passando, então, a praça-forte a ser composta por dois sortidas para surpreender os sitiantes e no seu interior
polígonos distintos (a sul, a Coroada e a norte, a Magis- esconde uma antiga porta e cisterna (agora, entulhada)
tral ou vila velha) separados por um fosso, que também medievais e um túnel em cotovelo, que a torna distinta
de todos os outros acessos.
Texto : TSup João Moreira Tavares No baluarte do Socorro, o ponto mais a norte da for-
Fotos : Câmara Municipal de Valença taleza, desfrute da ampla vista sobre o rio, Tui e campos