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46. Cultura & Lazer
ROTEIROS MILITARES
Praça-Forte de Almeida
A Estrela do Interior
as antigas – foi aberta na muralha para facilitar a circulação
Porta magistral de S. Francisco ou da Cruz, vendo-se automóvel.
em segundo plano o Quartel das Esquadras
O nosso roteiro principia no Largo 25 de Abril, diante
do revelim da Cruz, e seguirá literalmente o contorno
das muralhas, através da rua com o mesmo nome, dando
a volta completa à fortaleza.
Passe a ponte de pedra, que substitui a primitiva
ponte levadiça, e depois o túnel da porta exterior si-
tuada no revelim e já no interior deste admire a porta
magistral da Cruz, que se distingue de todas as restantes
portas pela monumentalidade que apresenta. Repare
também que nos dois baluartes vizinhos alguns canhões
ainda espreitam das canhoeiras. Já no interior da porta,
na sua Casa da Guarda, encontrará o posto de turismo de
Almeida, onde poderá obter informações úteis à visita.
Logo ao entrar na vila verá o Quartel das Esquadras,
destinado ao alojamento dos militares de infantaria,
Almeida, a vila que só se tornou definitivamente por- edifício com dois pisos, que impressiona pela sua gran-
tuguesa, pelo Tratado de Alcanizes, em 1297, assumiu de volumetria (é o mais comprido de Almeida) e pelas
desde então uma importância estratégica na defesa da escadarias situadas nos seus topos. Siga, pela esquerda,
fronteira da Beira. Do castelo e muralhas iniciais já só junto à muralha, à qual poderá aceder em diferentes
restam vestígios, pois guerras e a evolução da própria pontos através de rampas. Continue até chegar à porta
arte de fortificar ditaram o seu quase total desapare- exterior de Santo António, no revelim com o mesmo
cimento. A atual praça-forte começou a ser delineada nome. Aí está o Centro de Estudos de Arquitetura Militar,
em 1641, por determinação do Governador das Armas da cuja visita se aconselha. É um espaço de apresentação da
Beira, no contexto da Guerra da Restauração. Porém, foi Praça e de apoio à sua investigação, instalado na antiga
só no início do século XIX que ela adquiriu o contorno Casa da Guarda deste revelim.
e a sofisticação que hoje vemos. Depois da visita regresse ao interior da vila e vire à
Partamos à sua descoberta. Seis baluartes, interliga- esquerda. Logo ali, à direita, ficam as ruínas do castelo
dos por cortinas de muralhas, e reforçados, também, por que uma violenta explosão arrasou em 1810. Igual acon-
seis revelins deram-lhe uma configuração, apesar da sua tecimento já tinha sucedido em 1695, causando mortes e
desigualdade entre si, de uma estrela e daí nasceu o epí- elevados danos, incluindo nas casas vizinhas e levando,
teto de Estrela do Interior. Um largo fosso circunda todo o mesmo, à alteração da configuração do castelo; porém,
perímetro da Praça, à qual se acede por duas duplas portas em 1810, as mortes e a destruição ocorridas foram muito
originais. A de Santo António e a de São Francisco ou da maiores, estendendo-se a uma boa parte da praça-forte
Cruz. Em 1980 uma outra porta – a Nova, por contraste com e obrigando à sua capitulação ante o cerco imposto pelo
exército napoleónico, no início da 3.ª Invasão Francesa.
Texto : TSup João Moreira Tavares Hoje pode percorrer o que resta do castelo através
Fotos : Câmara Municipal de Almeida de um passadiço colocado sobre as suas fundações,
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