Page 33 - JE708
P. 33
Atualidades .33
ENTREVISTA
Diretor do Jornal do Exército (JE): O meu O futuro constrói-se. Todas as ações
Tenente-General tem uma longuíssima e extra- a realizar pela Liga no presente têm
ordinária carreira militar. Poderia revelar-nos um
pouco do seu percurso militar até esta sua função de ter como objetivo contribuir para
como Presidente da Liga dos Combatentes (LC)? garantir o grande objetivo a longo
Tenente-General Chito Rodrigues (TGen
C. Rodrigues): A pergunta que me faz suscita-“ prazo: a perenidade da Liga.”
-me alguns momentos de reflexão. Começo por [Tenente-General Chito Rodrigues, Presidente da LC]
lhe dizer que não haverá vida militar que não seja
influenciada pela vida civil e pela vida familiar de
cada um. No que me diz respeito sinto-me reali- sivas, num trabalho voluntário do qual me orgu-
zado e feliz ao refletir sobre cada uma dessas mi- lho, em permanência e sem qualquer retribuição
nhas vivências. Assim, recordo que, ainda jovem que não seja o sentimento de um dever cumprido
Tenente, como instrutor da Academia Militar, ao serviço dos combatentes e famílias, honrando
onde, pela primeira vez, senti poder trabalhar os mortos e lutando pela dignidade dos vivos.
com a máxima liberdade e a consequente máxima Como complemento da vida militar gostaria
responsabilidade, acabei por produzir o meu pri- de assinalar as funções de Governador em exer-
meiro livro, em 1961, início da guerra em Angola, cício do território de Macau e a honra de ter sido
intitulado Combate Corpo a Corpo e que serviria convidado para Professor Convidado do Instituto
de apoio a muitas gerações de militares. Como de Estudos Políticos da Universidade Católica.
Capitão, esse sentimento de upgrade surgiu-me Igualmente, durante toda a minha vida dedi-
em 1962, ao receber 200 homens, para escolher quei muita atenção ao desporto, nomeadamente
150 e com eles formar uma Companhia de Caça- à esgrima, quer como atleta quer como dirigente,
dores Especiais, chegando ao fim com a certeza tendo sido atleta olímpico e Presidente da Fede-
de que estavam bem diferentes e me obedece- ração Portuguesa de Esgrima e da Confederação
riam e seguiriam. Europeia de Esgrima.
Quando, já como Brigadeiro Diretor do Serviço
de Informações Estratégicas de Defesa e Militares,
contribui decisivamente para o sucesso dos pro-
cessos de paz em Angola e Moçambique e para a li-
bertação de vários cidadãos, portugueses e estran-
geiros, detidos pelos movimentos em guerra civil
naqueles países, senti que o Serviço tinha atingido
objetivos militares, políticos e humanitários que
lhe garantiram prestígio nacional e internacional.
Enfim quando, como General Comandante da
Instrução, elaborei os Planos Charlie ou, como
Diretor do Instituto de Altos Estudos Militares,
reformulei os cursos e os planos de visitas ao es-
trangeiro, dando aos cursos de Estado-Maior a
possibilidade de visitarem as Forças Armadas do
Brasil e de Israel, em vez da tradicional visita a
Bruxelas. Em termos militares e já na reforma,
não posso deixar de assinalar a minha Presidên-
cia da LC, há dezassete anos, com eleições suces-
JE 708 – ABR21
JE_Abr21.indb 33 26/07/2021 15:35:55