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Quando os portugueses (…)
entraram com tão eficaz e igual
ímpeto que nenhum foi o segundo Montijo, na Extremadura espanhola, em 1644. Em
e nenhum foi o primeiro.”
“ [Cronista António Barbosa Bacelar]
O título extenso, próprio da época, por si só faz
antever a importância do ocorrido, revelando em
simultâneo um dos seus principais protagonistas. A ra-
pidez com que a publicação foi feita demonstra a forte
vontade de propagandear este triunfo bélico.
A obra escrita pelo cronista António Barbosa Bace-
lar, porém, e compreensivelmente, não é única sobre
este feito. Também no mesmo local, na coleção de Ico-
nografia, duas águas-fortes , um pouco mais tardias,
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ambas de 1662, de um outro modo, descrevem-nos os
contornos e o cenário deste cerco.
Uma, da autoria do engenheiro francês Pedro de
Santa Colomba, é essencialmente uma planta, pro-
fusamente legendada e detalhada, que nos mostra as
fortificações de Elvas, a circunvalação estabelecida em
seu redor, composta por vários fortins e quartéis, e as
posições dos exércitos em confronto .
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A outra, atribuída a um pintor e gravador holandês,
Dirk Stoop, também conhecido por Rodrigo Stoop,
trata-se de uma gravura ilustrativa do campo de bata-
lha e dos diferentes episódios nele ocorridos, com um
evidente destaque para os combates travados .
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Agora que se assinala o 363.º aniversário desta
batalha, conhecida como das Linhas de Elvas, recorre-
mos a estas três obras para relembrar e compreender
a importância deste assinalável feito de armas; um dos
primeiros da longa e penosa Guerra da Restauração ou
da Aclamação (1640-1668), com que Portugal readqui-
riu a sua independência de Castela, à época governada
por Felipe IV (até então, III de Portugal).
Por estas obras, que se complementam, também se
obtém um retrato do modo de fazer a guerra no sécu-
lo XVII, em que nos campos de batalha os célebres e
poderosos terços castelhanos, um pouco por toda a
Europa, começaram a ser batidos e suplantados pelas
inovações introduzidas na organização, no armamento
e na tática por holandeses, suecos e franceses.
Na Península não foi diferente e particularmente
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Cultura & Lazer
UMA VISÃO DA HISTÓRIA
nos campos e cidades do Alentejo, o principal Teatro
de Operações da guerra, as Armas castelhanas clau-
dicaram em variadas ocasiões. Pela primeira vez, no
Elvas, uma segunda vez e depois, até à paz final, mais
derrotas lhes foram infligidas, nas quais sobressaem a
do Ameixial (1663) e a de Montes Claros (1665).
O lado português também sofreu desaires, nome-
adamente em cercos malogrados, como o de Badajoz
em 1658, que levou à retirada dos sitiantes para Elvas,
e com a perda de Praças raianas para Castela, como
sucedeu com Olivença (1657), Juromenha (1663) ou
Vila Viçosa (1665). Sublinhe-se que esta guerra foi feita
sobretudo de razias e cercos na raia e em muito menor
proporção por grandes batalhas, embora o peso destas
para o desfecho final tenha sido decisivo.
Centremo-nos nos acontecimentos de Elvas, um
misto de cerco e batalha, e com base nas fontes do-
cumentais recuemos até àquele, já longínquo, 14 de
janeiro de 1659.
O dia amanheceu envolto num denso nevoeiro. A
coberto dele uma Força portuguesa, saída de Estremoz
três dias antes, para pôr cobro ao cerco de Elvas ou,
pelo menos, aliviar a pressão e sacrifícios impostos à
cidade, tomou sorrateiramente posição diante das Li-
nhas com que os castelhanos cercavam a Praça, desde
22 de outubro de 1658.
Contudo, a sua presença, grandeza e intenção eram
conhecidas do inimigo, não só pelos relatos dos seus
batedores e de informações extraídas a cinco prisionei-
ros lusos, como também pelo fogo de artilharia com
que o exército de socorro anunciou, na véspera, a sua
chegada à Praça e pela resposta desta, também com
fogo de artilharia, a saudar o tão desejado auxílio.
Naturalmente, a chegada deste socorro levou ao
reforço das Linhas nos Murtais, o local escolhido para
as atacar, alteando-as, aprofundado o fosso já existente
e acrescentado, ainda mais, estacadas, fortes e redutos
e fez com que os castelhanos passassem toda a noite
em cuidado e prontos para a batalha, já que do lado
português se deu a entender a iminência do ataque.
Santa Colomba dá-nos uma boa noção da extensão
e complexidade das Linhas e nelas se destacam, pelo
seu tamanho, quatro quartéis e duas outras posições
menores e o reforço das Linhas junto aos Murtais. A
Praça de Elvas, no centro da planta, a isso obrigava.
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