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Cultura & Lazer
UMA VISÃO DA HISTÓRIA
Stoop dá-nos na sua obra uma vívida imagem do e alcance de fogo dos mosquetes, flagelavam o inimigo
desenrolar dos acontecimentos. Ao centro, num pri- à distância. Os arcabuzeiros, com uma maior flexibili-
meiro plano, o renhido combate. Um terço, à direita, dade de movimentos e eficiência de fogo, apoiavam os
na sua tradicional formação de marcha aproxima-se. piqueiros ou atuavam isoladamente.
No centro vêem-se os piqueiros e nas alas os mos- Entre aqueles que combatem, alguns jazem no chão,
queteiros e arcabuzeiros. Aos primeiros, com os seus outros já fogem e a maioria, numa massa coesa, pró-
piques, cabia a proteção das fileiras e o assalto final às pria das formações militares daquela época, opõem-
formações inimigas. Os mosqueteiros, com a potência -se aos adversários. Piques em riste para proteger os
mosqueteiros e arcabuzeiros que fazem descargas
Autor: Pedro de Santa Colomba contínuas sobre o inimigo, enquanto a cavalaria os
Fonte: Biblioteca Nacional de Portugal procura atacar pelos flancos e quebrar a sua formação,
com repetidas cavalgadas e disparos de pistola, até
que em socorro dos infantes lusos a cavalaria amiga
chega e contra-atacando expulsa o inimigo do campo
de batalha. À esquerda, a artilharia abre fogo sobre
os castelhanos, um dos fortins é lhes tomado e outros
haverão de cair, enquanto mais portugueses, através
da brecha aberta nas Linhas, reforçam os ataques às
Linhas e no terreno.
Num segundo plano, ao centro, Elvas já acolhe a
coluna com os mantimentos de socorro, mas também
os bens, entretanto, capturados ao inimigo, que ao fi-
nal da tarde e ao longo da noite debanda para Badajoz,
depois de perdida toda a crença na vitória.
As perdas humanas para os castelhanos são gran-
des e na manhã do dia seguinte, os dois últimos fortes
que conseguiram resistir ao ataque rendem-se. No rio
Caia e no que resta das Linhas muitos despojos aban-
donados são capturados, a que se juntam os castelha-
nos menos lestos na fuga ou que foram encontrados
feridos no campo de batalha.
Do lado português também há perdas, mas em mui-
to menor número, ainda que uma delas se destaque, o
General André de Albuquerque Ribafria, um dos he-
róis da batalha. Mas, as Armas nacionais recuperaram
a sua glória anteriormente perdida em Badajoz, a causa
independentista ganhou um considerável alento e,
acima de tudo, Elvas está salva e a sua invencibilidade
não foi quebrada, como nunca o será depois, tamanha
é a sua inexpugnabilidade. JE
1 Gravuras feitas usando uma matriz metálica onde são gravados desenhos,
recorrendo ao uso de ácido nítrico.
2 Vestigium sive effigies urbis Helviae..., BNP, E. 1090 V.
3 Praça de Elvas sitiada pelo exército castelhano e levantamento do sítio a
força das armas portuguesas em 14 janeiro 1659, BNP, E. 648 A.
4 Entrincheiramentos feitos pelos sitiadores de uma Praça, para se
aproximarem dela e a atacarem.
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