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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi

            final da guerra, quase todas as delegações da PIDE em Angola tinham as suas
            unidades privativas desta tipologia. Em 1967 foram também organizados pela
            PIDE os “Fiéis”, que eram antigos gendarmes do Catanga, que apoiaram Moise
            Tshombe e depois passaram a fronteira como refugiados políticos. Ainda nesse
            ano foram também criados pela PIDE os “Leais”, com cerca de 50 zambianos
            dissidentes do ANC e, em 1968, os militares criaram os Grupos Especiais (GE)
            organizados em grupos de combate (31 homens). A partir dessa altura, muitos
            batalhões do Exército passaram a ter um ou dois GE sob o seu comando. As
            relações entre a PIDE e o Exército em algumas regiões de Angola não eram
            boas, mas depois de 1970, com Costa Gomes, a situação melhorou, passando
            a existir uma melhor articulação entre ambos.

                  Na  Guiné  a  situação  foi  muito  diferente,  pois  as  milícias  tinham
            missões de defesa das aldeias e com o brigadeiro António de Spínola foram
            organizadas  em  companhias  de  milícias  segundo  o  modelo  do  Exército  e
            com enquadramento militar. Depois foram criados os “comandos africanos”
            assim  como  unidades  de  fuzileiros,  após  Spínola  ter  ultrapassado  a  grande
            resistência de Lisboa. Em Moçambique a “africanização da guerra” aconteceu
            mais tarde, pois além dos militares do recrutamento local que integravam as
            unidades militares regulares, só em 1973 é que foram criados os designados
            Grupos Especiais de Paraquedistas (GEP). Como referimos, o general Arriaga
            mais  conservador,  tinha  receio  de  criar  unidades  de  africanos  e  foi  desta
            forma que em naquela província o processo foi mais lento, não obstante os
            rodesianos planearem com a PIDE, desde 1972, a criação dos Flechas, como
            tinha  sucedido  em  Angola.  O  general  Arriaga  num  clima  de  algum  conflito
            com a PIDE não quis inicialmente fornecer armas automáticas aos Flechas de
            Moçambique, alegando que não havia armas disponíveis, e apesar daquela
            polícia ter procurado o apoio da África do Sul, só em 1974, após a saída de
            Kaúlza de Arriaga de Moçambique, é que foram criados os Flechas.
                  Em 1973, a percentagem mais elevada de tropa do recrutamento local
            foi de 42,4 % em Angola, de 20,1 % na Guiné foi e 53,6 % em Moçambique.











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