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                                                                                                 ROTEIROS MILITARES







                  alguns elementares. Os fortes, redutos, baterias e es-
                  tradas militares que compõem as Linhas encontram-
                  -se dispersos e localizados maioritariamente em ter-
                  renos altos, rurais ou florestais e, por vezes, afastados
                  de estradas, só se chegando até eles por meros trilhos
                  de terra. No fim do passeio terá percorrido alguns qui-
                  lómetros em solos irregulares e terão passado várias
                  horas. Por isso, convém usar calçado confortável e
                  adequado, levar água e um pequeno farnel, um cha-
                  péu ou boné e um abafo e/ou impermeável consoante
                  a época do ano e as condições atmosféricas. Uma carta
                  militar ou mapa da região e uma bússola ou GPS tam-
                  bém serão úteis aos mais aventureiros que quiserem
                  afastar-se  dos  caminhos  indicados  e  explorar  as  re-
                  dondezas. As distâncias mais curtas são facilmente, e
                  idealmente, percorridas a pé. O uso de bicicleta (BTT)       Forte de São Vicente, o recinto central com os seus traveses
                  pode também ser uma boa opção. Para a deslocação                                                   Fonte: RHLT
                  entre os pontos mais afastados do percurso (vários       direito, quando se circula na estrada nacional a cami-
                  quilómetros) é conveniente ter um automóvel à dis-       nho da Praia de Santa Cruz.
                  posição. De preferência não vá só e disponha de tempo       É no forte que está o CILT e por isso faz todo o sen-
                  para desfrutar do passeio, pois haverá sempre muito      tido começar por aqui. Além disso, a vista deste lo-
                  que ver.                                                 cal para Torres Vedras e sua envolvência ajuda-nos a
                     No caso do percurso Torres Vedras na Primeira Li-     perceber melhor a escolha dos diversos locais para a
                  nha, sugerimos como ponto de partida o Forte de São      defesa desta urbe e deste nó de estradas fulcral para o
                  Vicente, situado na colina, com o mesmo nome, fron-      acesso a Lisboa. Aliás, foi da relevância desta povoação
                  teira à cidade; mas poderá fazê-lo a partir de outro     e suas fortificações que derivou o nome das Linhas.
                  ponto, tal como sucede nos outros percursos. Para lá        O Forte de São Vicente não foi inicialmente ideali-
                  chegar, suba pela Rua das Linhas de Torres, que en-      zado tal como hoje o vemos. Na verdade, resultou da
                  contrará logo a seguir ao Parque do Choupal, do lado     junção de três redutos distintos, mas próximos entre
                                                                           si, para melhoria e reforço desta posição avançada e
                  O CILT de Torres Vedras, na antiga Capela de São Vicente.  crucial, cuja perda para o inimigo colocaria em causa
                  Fonte: RHLT                                              todo o sistema defensivo. Isto porque estando Torres
                                                                           Vedras num plano inferior, incluindo o seu castelo e
                                                                           dois outros pequenos fortes próximos, era de São Vi-
                                                                           cente que se dominava toda a zona envolvente.
                                                                              Com a junção dos três redutos foi criado um amplo
                                                                           recinto central fechado e alargado consideravelmente
                                                                           o perímetro deste forte, tornando-o no segundo maior
                                                                           das Linhas, com uma guarnição de 2000 a 2200 ho-
                                                                           mens, mas capaz de albergar até 4000. Traveses, fos-
                                                                           so, três dezenas de canhoneiras, três moinhos (usa-
                                                                           dos na época como paióis) completam o cenário, bem
                                                                           como a Capela de São Vicente, onde hoje está instalado
                                                                           o CILT.
                                                                              O passeio continua no próximo número…



                                                                                                                    JE  706– FEV21



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