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Cultura & Lazer .47
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UMA VISÃO DA HISTÓRIA
As forças portuguesas, em
número inferior às castelhanas,
conseguiram a vitória graças à
tática utilizada – a utilização de
forças apeadas, mais ligeiras e
com maior mobilidade face a
esquemas táticos mais rígidos
e mais ‘pesados’ com utilização
massiva da cavalaria...”
sendo também provável (dado o efetivo das forças e a
caraterização do terreno), a disposição das forças em
meia-lua e não em quadrado, como ocorrera em Ato-
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leiros e depois sucederá em Aljubarrota.
A vitória nacional na Batalha de Trancoso, a par do
fracasso castelhano do cerco a Elvas, terá como conse- D. João I fazendo uma promessa à Virgem antes da Batalha de
quência a tentativa, por parte de Castela, de concentrar Aljubarrota, pintura de Francisco da Silva
forças capazes de promoverem uma nova e significativa (Fonte: Revista Visão Nº 1327 de 9 de agosto de 2018)
invasão de Portugal, que culminaria numa hipotética
batalha final. É o que sucederá em Aljubarrota. Porém, sucesso de Atoleiros radicou nos portugueses a convicção
a sorte (e a tática) assistirá os Portugueses. Como nos que o sonho da independência nacional era absoluta-
diz o General Alcide Oliveira (op.cit., p.228), numa mente viável.
mensagem que tão bem quadra ao presente, a outras A História comprovou-o.
latitudes e contextos:
Que essa fé a não percam nunca os portugueses nos
Trancoso teve um mérito indiscutível: ao confirmar o momentos de crise. JE
1 A disputar o trono existia ainda outro pretendente, D. João, filho de D. Pedro I e de D. Inês de Castro, residente em Castela e afeto aos seus interesses.
2 Nas Cortes de Coimbra, em abril de 1385, legitimara-se, no plano jurídico, por ação de João das Regras, a sucessão ao trono de D. João, Mestre de Avis.
3 Princesa inglesa, filha do Duque de Lencastre e rainha consorte de Portugal, pelo casamento com D. João I, o qual fora acordado no âmbito da aliança entre
Portugal e Inglaterra, celebrada em 1373, em que se dispunha o auxílio mútuo entre os dois reinos em caso de guerra (Trata-se do mais antigo acordo entre os
dois países, em teoria ainda em vigor).
4 Destes, “cerca de 340 homens de armas (infantes ou desmontados) e 1400 peões”, segundo o General Alcide Oliveira, in A Batalha de Trancoso, Conferência
na Sociedade Histórica da Independência de Portugal, 4 de julho de 1985, Ciclo comemorativo da Batalha de Aljubarrota, Lisboa, 1985, pág. 220.
5 Vasconcellos, António Osório, Batalhas dos Portuguezes, Lisboa, C.S. Afra & Compª, 1873, p. 63, apud. The Library of Congress, EUA,
in https://archive.org/details/batalhasdosportu00vasc/page/64/mode/2up [página consultada em 4 de maio de 2022].
6 Fernão Lopes, citado por General Alcide Oliveira, op. cit., p.227.
7 Como nos diz o General Alcide Oliveira, op. cit. p.224: “A batalha “pé terra”, isto é, enfrentar a cavalaria com gente apeada, o conto da lança apoiado no
terreno, era inovação lançada em Atoleiros por D. Nuno, havia cerca de meio ano.”
8 Segundo nos descreve Luís Miguel Duarte, “Na sua vanguarda [dos portugueses] concentravam-se os “homens de armas”; atrás, numa formação em que
a retaguarda e as alas talvez estivessem quase unidas (o historiador desta batalha, Salvador Dias Arnaut, fala numa “meia-lua”), aguardavam os peões.”, in
Aljubarrota - Crónica dos anos de Brasa, 1383-1389, 1. Ed., Lisboa, Academia Portuguesa da História, 2007, p. 95.
JE 719– MAI22