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da e Pinhel e atingindo Viseu, cidade que será invadi- Vão colocar-se cerca de dois quilómetros a sul da vila,
da e saqueada, sob o comando de Juan Rodrigues de
Castañeda. É precisamente na retirada de Viseu que se
dá a Batalha de Trancoso. Pelo lado português, a região
da Beira Alta era dominada por dois nobres – Martim
Vasques da Cunha, alcaide do Castelo de Linhares,
e Gonçalo Vasques Coutinho, alcaide de Trancoso.
Encontravam-se desavindos e nenhum tinha, por si, ca-
pacidade militar para enfrentar o inimigo. Conhecedor
dessas vulnerabilidades, o invasor confiava na vitória
e numa rápida retirada até Ciudad Rodrigo. Para além
daqueles senhores feudais, outros fidalgos de menor
nomeada residiam na região, designadamente João Fer-
nandes Pacheco (que mediará uma reconciliação entre
Martim Cunha e Gonçalo Coutinho, convencendo-os a
concertarem esforços contra o invasor), o alferes-mor
Gil Vasques da Cunha e Egas Coelho. Estes senhores
e restante nobreza terratenente encontravam-se muito
mal guarnecidos, mas ainda assim conseguiram mo-
bilizar gente dos campos e das vilas, maioritariamente
trabalhadores rurais, e organizar um contingente de
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cerca de 1750 efetivos (do lado de Castela, o contin- com valor às arremettidas.
gente rondaria os 2000 homens). O comando ficou nas
mãos de Vasques Coutinho, o alcaide de Trancoso.
O recontro acontece no local da veiga de Trancoso.
Os portugueses são os primeiros a chegar, o que lhes
trará vantagem tática, por poderem escolher a posição.
Capela e campo militar da Batalha de Trancoso
(Fonte: Aqui Há Beira – www.aquihabeira.pt)
perto da Ermida de S. Marcos, na noite anterior à ba-
talha. Os castelhanos, sabedores da intenção dos portu-
gueses, ainda tentam contornar a posição portuguesa e
furtar-se ao combate. Porém, os portugueses vão no seu
encalce e tem início a batalha. Osório de Vasconcellos,
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seu historiador , traça um retrato pitoresco do campo
de batalha:
Os portuguezes esperaram a pé firme os hespa-
nhoes, na formosa aldeia de Frexes, a meia legua de
Trancoso. (…) Começou o combate, ou antes a ma-
tança tumultuaria e confusa, gritando uns Castella e
S. Thiago, bradando outros S. Jorge e Portugal.
Os corredores e camponezes, logo que sentiram
as primeiras frechadas fendendo os ares e varando os
peitos descobertos, pozeram-se a salvo e escaparam-se
pelas montanhas, que angustiam aquelle pittoresco
tracto de terra. Ficaram só os cavalleiros e homens de
armas. O inimigo carregou obstinadamente desejoso
de vencer para salvar as riquesas. Os portuguezes não
recuaram um passo e compactos e unidos responderam
Durou o combate todo o dia, sempre encarniçado
e sangrento. Afinal os castelhanos deitaram a fugir, e
os portuguezes, senhores do campo e dos despojos,
contentes com a boa andança que houveram, como diz
Fernão Lopes, cobraram ainda major audácia e esforço,
que dentro em pouco Ihes haviam de ser necessarios
para completar a sua obra de ressurreição nacional.
Assim, em Trancoso, as hostes portuguesas saem vi-
toriosas. Do lado castelhano, são mortos quase todos os
oficiais – “Foi total o extermínio «ca home darmas não
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ficou hi vivo.” (Excetuou-se o capitão Garcia Guterres,
cuja vida foi poupada para que pudesse identificar os
cavaleiros castelhanos mortos e narrar o sucedido em
Castela). Ao passo que «Dos portugueses não morreu
nenhum capitão nem homem de grande ou pequena
conta que em crónica achamos para por em escrito.”
(idem). Foi também possível recuperar o património
saqueado e libertar os prisioneiros portugueses.
As forças portuguesas, em número inferior às caste-
lhanas, conseguiram a vitória graças à tática utilizada
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– a utilização de forças apeadas , mais ligeiras e com
maior mobilidade, face a esquemas táticos mais rígidos
e mais “pesados”, com utilização massiva da cavalaria,