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5. A mobilização, Recrutamento
                 e Guerra Durante a Monarquia Dual (1581-1640)

               em 1585; António Pinto Fonseca, natural do Porto, foi alferes de Alonso Vazquéz,
               sargento-mor da “milícia de Jaén”. Mas sem informação documental suficiente,
               não é possível determinar qualquer padrão na distribuição destes homens pelas
               unidades militares espanholas.

                     Em todo o caso, a integração seria a situação comum até cerca de 1615-
               -20. Por esta altura, e nos cinco anos que se seguiram, acentuou-se a pressão
               sobre  o  recrutamento  em  Portugal,  com  vista  ao  seu  emprego  na  Europa.
               Em  Março  de  1620  seguiu  para  a  Flandres  um  “terço”  constituído  por  16
               companhias de soldados portugueses . Em 1621, por ordem de Filipe III, foi
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               organizado o “terço” da armada, nomeando para mestre-de-campo D. Francisco
               de Almeida . Como estes soldados se destinavam a embarcar, conclui-se que
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               podiam combater noutros lugares, nomeadamente nos domínios ultramarinos.
               Nem mais. Em 1624 chegou a notícia da queda da São Salvador da Baía para
               os Holandeses. O reino de Portugal mobilizou-se para concentrar os recursos
               que  haviam  de  conduzir  à  organização  da  armada  conjunta  luso-espanhola,
               destinada à reconquista da “Cabeça do Brasil”. Foram levantados perto de 4000
               soldados  distribuídos  por  33  companhias ,  que  foram  distribuídos  por  dois
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               “terços”: o “terço da armada”  e o “terço velho de Portugal” . Portanto, por
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               esta altura, já existiriam dois “terços” permanentes em Portugal, constituídos
               maioritariamente por soldados portugueses.
                     Vista  no  âmbito  estrito  das  relações  entre  portugueses  e  espanhóis,
               conclui-se que a expedição conjunta para recuperar Salvador da Baía acordou
               o  mesmo  mal-estar  de  1596.  A  entrega  do  comando  geral  a  um  espanhol,
               Fradique de Toledo Osório, foi sentida como uma usurpação de competências.
               Afinal, tratava-se de uma operação militar no espaço da américa portuguesa.
               A precedência dos espanhóis no saque e a cerimónia do hastear da bandeira
               espanhola  em  Salvador  da  Baía,  confirmaram  existir  uma  consciente
               subalternização dos portugueses, facto que naturalmente afetou, em especial, o
               capitão-mor português, Manuel de Meneses:



               98  OLIVAL, Fernanda. Filipe II. Lisboa: Temas e Debates, 2008, p.232.
               99  NUÑEZ, José Maria Blanco. Reconquista da Bahia, 1625. Portugueses e Espanhóis na defesa do
               Brasil. Lisboa: Tribuna, 2006, p.29.
               100  NUÑEZ, 2006, p.87.
               101  VARGAS, Thomas Tamaio de – Restauración de la ciudad del Salvado, i Bahia de Todos-Sanctos,
               en la provincia del Brasil…. Madrid: Viuda de Alonso Martin, 1628, p.77.
               102  VARGAS, 1628, p. 77v.
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