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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi

            complementada a Norte por Arronches-Marvão-Castelo de Vide e, a Sul, por
            Juromenha-Alandroal-Monsaraz-Mourão; (2) a linha que garantia profundidade
            e apoio mútuo ao dispositivo ligava, de Norte para Sul, Monforte-Barbacena-
            -Estremoz-Borba-Vila Viçosa-Redondo. Esta linha apoiava-se também no maciço
            montanhoso  da  serra  da  Ossa.  Deste  conjunto  sobressai  Elvas,  ferrolho  do
            Alentejo  e  onde  se  desenvolveu  o  maior  complexo  fortificado  de  Portugal,
            Estremoz,  o  centro  operacional  e  cuja  posição  central  à  retaguarda  permitia
            o balanceamento de forças consoante as manobras do inimigo, e Marvão (a
            Norte) e Monsaraz (a Sul), cujas linhas de alturas permitiam perscrutar o avanço
            inimigo às mais longas distâncias.
                  Para as operações defensivas e guarnição dos fortes, o Alentejo contou com
            o maior número dos efetivos do Exército de Linha disponíveis, conforme especifica
            Jorge Penin de Freitas: 11.550 soldados em 1646, dos quais 8650 infantes e 2387
            de cavalaria; 9387 soldados em 1652, com 7000 na infantaria e 2387 na cavalaria .
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                  Na  Província  de  Douro-e-Minho  a  preocupação  imediata  recaiu  nas
            fortificações  de  Valença,  onde  se  implementou  um  conjunto  abaluartado  de
            sumptuosas dimensões e que se assumiu como praça de armas principal, Valença
            e Monção, conjugando um esquema defensivo da raia seca, fluvial e marítima,
            em conjugação com a rede medieval existente. O sistema foi depois reforçado
            com  as  praças  Vila  Nova  de  Cerveira,  Viana  (capital  provincial)  e  Melgaço.
            Definiu-se ainda uma linha mais interior, através do Lindoso, Valdevez, Ponte de
            Lima. Mais para Sul, construíram-se pequenos fortes costeiros, sobressaindo o
            forte da Ínsua, de Âncora, do Cão, Montedor, Areosa, São João de Esposende,
            São Francisco Xavier do Queijo e a fortaleza da Póvoa de Varzim.
                  Quanto a efetivos, contabilizam-se: 1616 infantes e 107 cavalos, em 1646;
            1238 e 50 infantes e cavalos, respetivamente, em 1652 .
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                  A província da Beira, pela natureza do seu terreno e pelos seus obstáculos
            naturais, podia considerar-se uma simples linha fronteiriça de cobertura, apoiada
            nas fortificações de Castelo Rodrigo, Almeida, Guarda, Penamacor, Monsanto
            e Salvaterra do Extremo. Atendendo à sua excessiva extensão, dificuldades de
            defesa e consequentes constrangimentos de comando e controlo, em 1647 foi
            dividida em dois distritos, cada um com o seu Governador de Armas. Tendo


            69  FREITAS,  Jorge  Penin  de  –  O  Combatente  durante  a  Guerra  da  Restauração.  Vivência  e
            comportamentos dos militares ao serviço da coroa portuguesa. Lisboa: Prefácio, 2007, p. 148.
            70  Idem, Ibidem, p. 137.
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