Page 225 - recrutamento
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6. Da Aclamação à Restauração 1640-1668
Restauradores queriam dissuadir a Espanha. Estas, que foram organizadas
em 25 terços provinciais e cinco de Lisboa, comportando 600 homens cada,
eram constituídas com base no recrutamento dos órfãos de pai, lavradores e
homens casados, sendo comandados por um mestre de campo nomeado pelo
rei . Tratando-se de um contingente não permanente, os auxiliares só eram
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convocados para situações de campanha, normalmente no período estival, ou
para acudir às fronteiras, guarnecendo as praças-fortes, sempre em situações de
emergência. Quando os seus préstimos se tornavam imprescindíveis, assumiam
funções similares às do Exército de Linha, recebendo soldo e alimentação,
atuando na província de origem . Toda a restante população não incluída na
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especificidade que «alimentava» o Exército de Linha e as Tropas Auxiliares
constituía a reserva de recrutamento (Ordenanças), sujeita a ser convocada,
através dos depósitos, para pegar em armas.
No entanto, a ideia prevalecente era permitir que os homens dos
concelhos mantivessem a sua vida normal, pois a sua ligação ao trabalho
da terra era imprescindível para a subsistência diária do corpo social. O que
nem sempre acontecia e era neste sentido que as queixas dos representantes
do povo, quando reunidos em cortes, se faziam sentir, considerando que
“o esforço de guerra não só desorganizava a vida das populações com as
levas para fazer homens para a guerra, retirando braços à lavoura e criando
conflitos com os postos de comando” . As classes privilegiadas não estavam
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abrangidas por este sistema de recrutamento, sendo-lhes exigido, contudo,
obrigações de concurso militar para a defesa do reino: os comendadores e
os cavaleiros das ordens militares deviam dispor de homens e de cavalos; os
clérigos e os freires do arcebispado de Lisboa foram obrigados a organizar um
terço de Infantaria, sob o comando do deão da Sé; no Porto, foi constituída
a companhia de eclesiásticos, capitaneada pelo respetivo deão; em Coimbra,
foi organizado num terço o Corpo Académico, comandado pelo reitor da
Universidade; foram constituídos quatro terços da nobreza, que ficaram sob
as ordens do príncipe D. Teodósio; organizaram-se ainda as guardas reais de
archeiros, com contingentes portugueses e alemães, e de ginetes .
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58 SELVAGEM, 1991, p. 385.
59 MATTOS, 1944, p. 4.
60 COSTA, Leonor Freire e CUNHA, Mafalda Soares da – D. João IV. Rio de Mouro: Círculo de
Leitores, abril-maio de 2006, pp. 206-207.
61 MARTINS, 1945, p. 146.
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