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6. Da Aclamação à Restauração 1640-1668

               -se, em termos logísticos, pela sua eficiência, enquanto o restabelecido Corpo de
               Bombardeiros de Nómida funcionava como escola de formação de bombardeiros
               destinados à Marinha de Guerra e às fortalezas e presídios .
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                     A  Junta  das  Fronteiras  (criada  por  alvará  de  29  de  agosto  de  1645),
               presidida  por  um  fidalgo  militar  subordinado  ao  Capitão-General  das  Armas
               do  Reino,  assumia  a  organização  estrutural  da  defesa  raiana,  assente  no
               sistema de resistência e vigilância permitida pelas fortalezas. Esta providência,

               imbuída de urgência, impelia não só à restauração, melhoramento e edificação

               de  fortalezas  nas  áreas  de  fronteira  estrategicamente  mais  importantes  ou
               vulneráveis (terrestres e costeiras), como ao seu guarnecimento com tropas e
               apetrechamento militar. Neste âmbito, competia à Junta de Fronteiras legislar
               sobre as atribuições e direitos do Exército de Linha empregue nas fortificações
               de fronteira, mantendo uma ligação estreita com os Governadores das Armas
               das Províncias, dando diretivas e recebendo informações sobre o recrutamento
               militar ou o andamento das operações.
                     Os  projetos  de  conceção,  desenho  e  as  obras  foram  colocados  em
               marcha a partir de maio de 1641, quando D. João IV revitalizou a antiga «Aula
               de Arquitetura» no Paço da Ribeira, então denominada «Aula de Artilharia e
               Esquadria», à frente da qual foi colocado o engenheiro Luís Serrão Pimentel.
               Posteriormente, a 13 de junho de 1647, foi instituída a «Aula de Fortificação
               e Arquitetura Militar», na Ribeira das Naus, também dirigida por Luís Serrão
               Pimentel,  que  passaria  a  designar-se  «Academia  Militar  da  Corte».  Nestas
               instituições  desenvolveu-se  um  processo  de  aprendizagem  da  arte  de  bem
               fortificar, por onde passaram mestres estrangeiros (França e Países Baixos) que
               ficaram ligados a algumas das fortalezas abaluartadas que foram concebidas:
               Charles Lassart (nomeado engenheiro-mor do Reino), em Lisboa e no Alentejo;
               João Cosmander e João Gillot, na província do Alentejo; Michel Lescolles, nas

               províncias de Entre Douro-e-Minho e Trás-os-Montes; Pedro Gilles der Saint-
               -Saul, na Beira; Nicolau de Langres, no Alentejo .
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               63  SELVAGEM,  1991,  386.  Foi  só  na  década  de  1660  que  se  introduziu  as  peças  de  Panela,
               correspondendo “à necessidade de uma artilharia suficientemente potente, em alcance e calibre,
               com a mobilidade precisa para acompanhar a infantaria, quer em combate quer nas marchas
               itinerárias” (VALLE, H. Pereira do – Subsídios para a História da Artilharia Portuguesa. Revista de
               Artilharia, Nº 453-454 (maio-junho de 1963), p. 523).
               64  CONCEIÇÃO, Margarida Tavares da – A Praça da Guerra, Aprendizagens entre a Aula do Paço
               e a Aula da Fortificação. Oceanos, Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos
               Portugueses, Nº 41 (janeiro-março de 2000), p. 32.
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