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6. Da Aclamação à Restauração 1640-1668


















                                 Recrutamento Militar em Portugal século XVII  48


                     No  campo  da  estratégia  operacional,  o  Capitão-General  das  Armas  do
               Reino contava com a colaboração dos governadores das armas provinciais (seis
               comandantes territoriais de outras tantas províncias) e dos mestres de campo
               general (comandantes operacionais das tropas em cada província), que foram
               amiúde  exercidos  pela  mesma  pessoa.  De  facto,  obedecendo  a  critérios  de
               ordem militar, Portugal foi dividido, territorialmente, em seis províncias (Trás-
               -os-Montes,  Entre  Douro-e-Minho,  Beira,  Estremadura,  Alentejo  e  Algarve),
               imperando  em  termos  administrativos  vinte  e  cinco  comarcas,  cada  qual
               coordenada por um capitão-mor, que detinha uma influência só comparável à
               do padre, sujeito a pressões consecutivas e envolvido frequentemente em atos
               de corrupção, consequência do seu poder quase discriminatório na escolha dos
               cidadãos que deviam servir militarmente a causa da Restauração . As comarcas
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               dividiam-se em companhias, à frente das quais estava um capitão.
                     Se  o  Conselho  de  Guerra  e  o  Capitão-General  das  Armas  do  Reino
               consubstanciavam  a  centralização  dos  assuntos  militares  do  país,  as  figuras
               dos  governadores  das  armas  e  dos  mestres  de  campo  general  emprestavam
               um cunho de descentralização, necessário em face da especificidade de cada
               província e do seu papel a desempenhar na guerra. Tanto mais que eram eles
               que  contactavam  diretamente  com  as  populações.  A  figura  máxima  militar
               do  reino  tinha  a  incumbência  de  assegurar  o  recrutamento,  a  instrução  e  a
               disciplina das tropas, cabendo aos governadores provinciais o comando militar

               48  Fonte: PERES, Damião – História de Portugal. Barcelos: Edição Monumental da Portucalense
               Editora, 1993.
               49  GODINHO, Vitorino Magalhães – Restauração. In SERRÃO, Joel (Dir.) – Dicionário de História de
               Portugal. Vol. V. Porto: Livraria Figueirinhas, março de 1992, pp. 84-86.
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