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[Federação Russa/Ucrânia]
Conflito na Ucrânia
Lições identificadas e tendências
assados pouco mais de dois
meses do início do conflito
russo-ucraniano, que se
iniciou em 24 de fevereiro de
P2022, várias publicações no
domínio da Segurança e Defesa começaram
a editar artigos de reflexão sobre os aspetos
geopolíticos deste conflito, mas também
militares. É neste âmbito que se insere o
artigo da revista francesa Défense Securité
Internationale, intitulado “Guerre en Ukraine
– Leçons et tendances”, da autoria de Joseph
Henradin.
O artigo prima por facultar uma análise
descomplexada e simples de um conflito Frente de combate na Ucrânia (Fonte : http://janus157.canalblog.com/archives/2022/03/09/)
predominantemente convencional, do lado russo,
e híbrido do lado ucraniano, que nos transporta recolhidas e da análise subsequente, ambas desligadas
novamente para a análise de doutrinas militares, de da realidade. Não só a Ucrânia revelou uma resiliência
emprego de armas e de movimentação de forças. inesperada para a Rússia, como Moscovo não esperava
A doutrina russa e a sua estratégia militar para confrontar-se com uma “Europa” unida e coesa, capaz
este conflito são o foco de análise que recapitula os de adaptar o seu pacifismo, sem o comprometer. Por
aspetos que conduziram ao fracasso das mesmas, exemplo, Henradin chama a atenção para a mudança
nomeadamente a falta de sincronização das manobras, da política armamentista da Alemanha que autorizou
ou a lentidão da ação que permitiu à Ucrânia organizar a exportação de armamento letal para a Ucrânia e
a sua defesa, dispersar a sua Força Aérea e privilegiou aumentou o seu orçamento para a Defesa.
o emprego de uma estrutura híbrida que combina Debruçando-se sobre as futuras operações, o artigo
grandes e pequenas unidades, entre outras abordagens. levanta ainda uma série de questões pertinentes,
O artigo de J. Henradin revê e analisa sumariamente destacando a hipótese de o conflito evoluir para um
um dos aspetos incontornáveis da arte da guerra, cenário de guerrilha, num país de 41 milhões de
nomeadamente a moral do Homem, não só do soldado, habitantes e de consideráveis dimensões, sem perder
mas também da população que, no caso ucraniano, de vista a ameaça nuclear que paira no horizonte, ao
respondeu com convicção à mobilização. mesmo tempo que recupera o princípio da dissuasão,
Incontornável é também a consideração do autor apanágio da NATO.
acerca da avaliação que a Rússia fez do adversário,
que denuncia um comprometimento das informações Fonte : Défense Securité Internationale (DSI), n.º 158, Mars-Avril 2022