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Cultura & Lazer .43
UMA VISÃO DA HISTÓRIA
eminentes estudiosos e cientistas do nosso Iluminismo.
O envolvimento do Duque de Lafões na Ciência
decorreu a par com a carreira das armas. Foi nomeado
conselheiro da Guerra (em 1780), conselheiro de
Estado (em 1796), mordomo-mor e ministro assistente
ao despacho (equivalente ao atual primeiro-ministro),
pelo príncipe regente D. João, em 1801. Nesse ano,
o Duque de Lafões viu-se envolvido num episódio
pouco abonatório para a política portuguesa – a
Guerra das Laranjas – onde, apesar dos seus 82 anos
de idade, assumiu o comando das tropas portuguesas
como marechal-general, acabando o nosso Exército
por sair derrotado. Após o desaire militar, D. João
Carlos de Bragança recolheu a Lisboa, ao seu Palácio
O Abade Correia da Serra, Separata das “Me-
mórias” – Classe de Ciências, Tomo VI, Lisboa,
Academia das Ciências, 1948
e também como enviado ao serviço da diplomacia,
as cortes de Londres (cidade onde veio a tornar-se
membro da prestigiada Royal Society) e de Viena de
Áustria, onde pontificava a imperatriz Maria Teresa,
junto de quem alcançou grande prestígio.
D. João Carlos de Bragança veio a integrar o
Exército austríaco, que defrontou a Prússia de
Frederico II (aliado de Inglaterra contra França,
Áustria e Rússia) durante a Guerra dos Sete Anos
(1756-1763), onde se destacou em combate. Terminada
a guerra, viajou por diversos destinos, desde a Europa
até ao Oriente. Mas foi nas cortes europeias que
encontrou um ambiente intelectual consentâneo com
a sua curiosidade científica, literária e artística, a que
se aliava um vivo interesse pelos assuntos militares.
Já depois da morte de D. José I (1777), D. João Carlos
de Bragança regressou ao Reino, em 1779, e foi ainda
nesse ano que veio a fundar a Academia das Ciências
(da qual foi o primeiro presidente, posteriormente
designado presidente perpétuo), juntamente com José Francisco Soares Franco, médico, um dos responsáveis pela
Francisco Correia da Serra, que viria a celebrizar- vacinação contra a varíola
-se como o “abade Correia da Serra”, um dos mais (Fonte: Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa)
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