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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – Do condado Portucalense ao século xxi
de constrangimentos em recursos humanos. À dimensão territorial de Portugal
correspondeu uma persistente baixa densidade populacional, com reflexos diretos
em todas as atividades humanas essenciais, designadamente na capacidade de
dispor de força militar. Para essa realidade também contribuiu a dispersão de
Portugueses pelos cinco continentes, a partir dos Descobrimentos, se bem que a
maioria em missões de exploração e de afirmação de soberania.
O presente livro trata, com notável detalhe, o tema do recrutamento nas
forças terrestres portuguesas, ao longo da História. Se o anúncio da obra é, por
si, fiador de interesse e pertinência, sobressaem a riqueza e a profundidade dos
textos, a que não serão alheios o prestígio e o confirmado conhecimento, na
matéria, dos respetivos autores. Cada estudo incorpora a aconselhável proporção
de isenção e de profundidade de análise. Por essa razão, o conteúdo holístico e
inovador desta obra pode ser tomado como referência, tanto para historiadores
militares, como para os que hoje em dia se dedicam à administração de recursos
humanos. Caldear análise comparada e prospetiva possibilita, indiscutivelmente,
materializar uma das melhores formas de formular linhas de ação.
Acresce o facto de se ter reunido, num único volume, a compilação da
história do recrutamento e mobilização no Exército. Iniciando na descrição do
modo descentralizado de recrutamento dos séculos da Reconquista, enuncia
depois a criação dos primeiros corpos permanentes, em meados do século XIII
(como os Besteiros do Conto), transitando para a narração da mobilização de
forças expedicionárias na época dos Descobrimentos. Percorre, depois, as razões
da imposição da conscrição geral, até chegar ao presente, que se caracteriza pela
inexistência de serviço militar obrigatório.
O Comando do Pessoal do Exército está de parabéns por esta excelente
iniciativa, cujo resultado é uma publicação importante, pertinente, oportuna e
original.
Trata-se de um inestimável contributo para a memória coletiva do Exército,
que se pretende cada vez mais credível, moderno, atrativo, e de elevada prontidão
e competência, sempre ao serviço de Portugal.
Setembro de 2020
José Nunes da Fonseca
General
Chefe do Estado-Maior do Exército
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