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6. Da Aclamação à Restauração 1640-1668























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                     Os cercos eram, por norma, longos, desgastantes e de sucesso não garantido,
               exigindo, por vezes, a capitulação sucessiva de uma linha de fortes para poder
               conquistar uma dada região. Portanto, da mesma maneira que os canhões tinham
               retirado a primazia da defesa aos castelos, o forte abaluartado restaurou-a .
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                     Ao  tempo,  seguindo  uma  linha  cronológica,  quatro  exércitos  se
               distinguiram  pela  organização  militar,  inovação  técnica  e  modelo  tático,
               sobressaindo a evolução do fogo-choque-movimento: nos tercios hispânicos dos
               filipes o choque prevalecia sobre o fogo, numa relação de dois piques para um
               arcabuz; o dispositivo holandês apresenta uma paridade entre os dois elementos
               essenciais  de  combate;  o  Exército  Sueco  privilegia  o  fogo  e,  por  associação,
               o  movimento,  identificadores  da  manobra  tática;  o  aparelho  militar  francês
               desenvolve o «modelo» sueco», fracionando as linhas, aumentando o poder de
               fogo e o movimento. Atendendo que os modelos hispânico e francês marcaram
               presença em Portugal nas campanhas da Restauração, importa analisá-los.

                     No século XVI, a mais famosa e temida máquina de guerra era o tercio
               hispânico, uma unidade expedicionária de intervenção rápida, que surgiu com
               as campanhas de anexação do Estado de Milão, em 1536, tornando-se na base





               20  Fonte: LOUSADA, Abílio Pires – A Restauração Portuguesa de 1640. Diplomacia e Guerra na
               Europa do Século XVII. Lisboa: Fronteira do Caos, 2012.
                 KEEGAN, 1995, p. 336.
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