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6. Da Aclamação à Restauração 1640-1668
tática fundamental era o batalhão, organizado em companhias, que tinham no
centro os piqueiros e nas alas os mosqueteiros e os fuzileiros .
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A ordem de batalha de Turenne era constituída somente por duas linhas,
com uma reserva de infantaria e/ou cavalaria. Cada linha, por sua vez, estava
fracionada em brigadas, cada qual compreendendo, por norma, dois batalhões,
afastadas umas das outras, mas suficientemente próximas que permitissem
a entreajuda. A cavalaria, posicionada nos flancos da infantaria, formava
também em duas linhas e estava organizada de igual forma. Um dispositivo
desta natureza garantia a manobra, a independência de atuação das unidades,
uma imensa frente de fogo, a manutenção de uma reserva para empregar no
momento decisivo, com recurso à surpresa e a uma grande capacidade de
choque, conferidos pela cavalaria.
Além destas inovações, Turenne fez um cabal aproveitamento do sistema
logístico implementado por Michel le Tellier, caracterizado pela circulação
de vagões com rações de reserva para o exército em campanha, a formação
de corpos de intendência, a existência de depósitos de abastecimentos em
localidades chave e a permanência de linhas que permitissem aos exércitos
viver . Rocroi marcou o ocaso da infantaria hispânica na Flandres e representou
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a supremacia da técnica, da produção industrial bélica e dos novos pressupostos
táticos apresentados no campo de batalha pelo aparelho militar francês, face ao
músculo e à massa .
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Quando Luís XIV assumiu o poder, em 1661, o exército estava debaixo
do controlo exclusivo do Estado, alcançando, em 1690, um total de 400 mil
efetivos e a guerra constituía a ultima ratio regis.
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aclamação e Ideia estratégica dos Restauradores
Em 1640, Portugal apresentava-se como um reino dependente e
controlado politicamente pelos agentes nomeados a partir do Escorial,
33 LYNN, John A. – Forging the Western Army in Seventeenth Century France. In KNOX Macgregor;
MURRAY, Willsamson (Dir.) – The Dynamics of Military Revolution (1300-2050). Cambridge:
University Press, 2001, pp. 36-37.
LIVESEY, 1990, p. 67.
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35 ORTIZ, António Domingues – Los Reyes Católicos y los Austrias. In ARTOLA Miguel – História de
España (Direcção). Vol. 3. Madrid: Alianza Editorial AS, 1988, pp. 318-319.
36 KENNEDY, 1985, p. 84.
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