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13. O Recrutamento no Portugal Democrático

                     O recrutamento militar adquire assim, do ponto de vista organizacional,
               uma importância acrescida uma vez que é elevado a Direção (era anteriormente
               uma  repartição  da  DSP).  Durante  este  período,  a  avaliação  efetuada  pelo
               Exército tornou evidente que o sistema misto, com um SEN com uma duração
               de  4  meses  era  duplamente  ineficiente,  uma  vez  que  se  tinha  tornado  mais
               dispendioso e não tinha contribuído para a melhoria da operacionalidade das
               FA. Paralelamente, no âmbito do recrutamento subsistiam claras dificuldades na
               categoria de praças.

                     Tornava-se assim necessário encarar a possibilidade de uma revisão da
               LSM, no quadro de uma avaliação da sua eficácia e do sistema de incentivos
               existente,  que  possibilitasse,  a  prazo  e  em  sede  de  revisão  constitucional,
               a  transição  de  um  sistema  de  recrutamento  misto  para  um  sistema  de
               recrutamento  voluntário  em  tempo  de  paz.  É  precisamente  em  1997,  na
               sequência da 4ª revisão constitucional e posteriormente com a publicação em
               1999 de uma nova LSM, que o Exército se vê confrontado com um desafio
               muito complexo, com data marcada para o seu início, novembro de 2004, a
               partir da qual se teria de posicionar como um Instituição atrativa para cativar
               os  jovens  voluntários  para  a  prestação  de  serviço  militar,  pois  passaria  a
               competir  no  mercado  de  trabalho  com  as  empresas  públicas  e  privadas,
               sujeitando-se  inexoravelmente  à  lei  da  oferta  e  da  procura.  Paralelamente,
               atribuíram-se, desde logo, competências próprias de planeamento, de direção
               e de coordenação do processo de recrutamento a um Órgão Central, integrado
               na estrutura do MDN, no quadro das competências da DGPRM.
                     Em 2000 é publicado um regulamento de incentivos que se pretendia fosse
               um verdadeiro fator de diferenciação das Forças Armadas, pela atratividade que
               poderia gerar nos jovens cidadãos para a prestação de serviço militar. Incluía um
               conjunto de medidas que potenciavam a possibilidade de os jovens encararem
               a prestação de serviço militar como uma opção profissional, a qual pelo seu
               cariz temporário, teria de lhes permitir a obtenção das qualificações necessárias,
               durante o tempo de permanência nas fileiras, para uma efetiva transição para o
               mercado de trabalho após o período de contrato.
                     Desde o início do processo de profissionalização, uma das preocupações
               centrais do Exército, tem sido a de garantir um conhecimento das características,
               anseios e objetivos da geração de jovens que constituem o seu público-alvo. Se
               compararmos as respostas dos jovens em 2002 aos inquéritos do CPAE e as que
               foram coligidas pela DGRDN em 2017, passados 15 anos, constata-se que se

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