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SEMINÁRIO GESTÃO DE CARREIRA
na resposta a esta última questão, conseguirão identificar as vantagens e
oportunidades que esta transformação digital vos trouxe, mas também,
alguns desafios que tiveram que superar para acompanhar esta evolução
tecnológica.
De facto, a primeira versão da internet surge no final da década de 60
depois da guerra fria, servindo objetivos militares dos EUA. Em 1992 surge
então a chamada web 1.0, pelas mãos de Tim Berners-Lee. De lá, até aos dias
de hoje, muitas foram as transformações que marcaram diferentes Eras. Ao
longo dessas Eras a evolução da web traduziu-se em maiores possibilidades
e agência conferida aos utilizadores.
De forma semelhante esta evolução também se fez sentir nos contextos
de trabalho. As novas tecnologias de produção mudaram as condições de
trabalho das pessoas e consequentemente os estilos de vida e formas de
viver as carreiras. Isto, por sua vez, também levou a uma atualização dos
modelos e teorias que explicam o desenvolvimento de carreira e as compe-
tências a desenvolver durante este desenvolvimento que passaram a consi-
derar um papel mais agêntico dos indivíduos na forma como constroem as
suas carreiras e se adaptam a este mundo em mudança.
Desta forma, podemos dizer que a Psicologia Vocacional acompanhou
o desenvolvimento tecnológico acima mencionado desde a web 1.0, sendo
que nos últimos 50 anos as Tecnologias de Informação e Comunicação são
um elemento comum às intervenções de carreira.
Com efeito, é na década de 60 que surge o primeiro computador equi-
pado com um sistema de orientação de carreira. Desde esse marco, assis-
tiu-se a um investimento no desenvolvimento de sistemas de orientação de
carreira assistidos por computador (CACGS) que são programas de compu-
tador projetados para simular o processo de aconselhamento de carreira.
Exemplos desses sistemas são os programas CHOICES, DISCOVER e SIGI
PLUS. Estes sistemas começam a ganhar relevo na literatura da especia-
lidade, e os primeiros artigos publicados revelam resultados promissores
ainda que os clientes demonstrassem a preferência por um profissional de
carreira real (Loughary, Friesen & Hurst, 1966). Este entusiasmo mantem-se
ao longo do século e Tinsley (2000) escreve um artigo no Journal of Career
Acessment, a respeito da evolução tecnológica e o futuro das intervenções
de carreira, prevendo que no ano de 2030, a profissão de Conselheiro de
Carreira estaria a caminho de se tornar uma forma de arte misteriosa, assim
como a profissão de Ferreiro era à data. Segundo o mesmo autor, isto seria
inevitável pois a evolução tecnológica permitiria que programas prelimina-
res de aconselhamento de carreira informatizados estivessem disponíveis
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