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A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E OS NOVOS DESAFIOS DA GESTÃO DE CARREIRA





               até o ano 2030, e que programas de aconselhamento de carreira altamente
               qualificados (“divinos”) estivessem disponíveis até o ano de 2050.
                 Apesar de ainda faltarem alguns anos para podermos verificar a previsão
               de Tinsley (2000), podemos constatar que nos últimos anos, mais do que
               investir no desenvolvimento de programas computorizados de aconselha-
               mento de carreira, a preocupação da Ciência a este respeito, assenta na
               garantia de um uso eficaz das Tecnologias de Informação e Comunicação
               nas intervenções de carreira (Sampson et al., 2019; Kettunen & Sampson,
               2019; Kettunen & Makela, 2018).
                 As vantagens  da transformação digital para as intervenções de carreira
               são indiscutíveis: melhorou substancialmente o acesso a avaliações e infor-
               mações, reduziram os custos de desenvolvimento e tornaram viável a in-
               tervenção do profissional a distância. Mas para que isto seja feito com pro-
               veito das pessoas é necessária a intervenção da ciência e de profissionais
               qualificados.
                 Como tal, de seguida iremos abordar o tipo de respostas que a inova-
               ção tecnológica permitiu às intervenções de carreira, bem como, o que a
               Ciência diz acerca da eficácia e benefícios, mas também, cuidados que as
               tecnologias colocam às intervenções que pretendem apoiar os indivíduos
               na gestão agêntica da sua carreira.

               TRANSFORMAÇÃO TECNOLÓGICA E INTERVENÇÃO DE CARREIRA
               RESPOSTAS
               As tecnologias permitiram um conjunto de respostas diversificadas às in-
               tervenções de Carreira.
                 A literatura identifica três finalidades distintas: dar informação, propor-
               cionar uma interação automatizada e proporcionar um canal de comuni-
               cação (Turcotte & Goyer, 2018; Harzallah et al., 2002; Maxwell & Angehrn,
               2008).  Na  primeira  finalidade,  dar  informação,  inclui-se  por  exemplo  as
               plataformas de organização de informação sobre cursos e profissões, opor-
               tunidades de voluntariado, lazer ou sistemas de apoio social e à família. A
               segunda finalidade, proporcionar uma interação automatizada, inclui por
               exemplo, plataformas e aplicativos com ferramentas de avaliação, de cor-
               respondência e reflexivas ou jogos de simulação e realidade virtual que per-
               mitem treino de competências de carreira. Por último, a terceira finalidade,
               proporcionar um canal de comunicação, incluí as ferramentas que facilitam
               a comunicação e a interação entre as pessoas como o telefone, videocon-
               ferência ou o email. Podem favorecer o acesso ao apoio de profissionais de






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