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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi
um grupo de Landsknechten com arcabuzes durante a procissão triunfal de
maximiliano da Áustria 11
militar vigente na cristandade. Com efeito, a guerra guerreada africana era em
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tudo diferente da cultura militar europeia. Almogavarias, entradas, correrias,
marcavam aquela tipologia de guerra onde pequenas unidades de cavalaria
ligeira, de ginetes, lançavam operações atrás das linhas inimigas, em golpes de
mão, eliminação de oponentes, disrupção de linhas de abastecimento, raptos e
saques. Precedidas por acções de recolha de informações, levadas a cabo por
atalhadores ou cortadores, verdadeiras equipas avançadas de reconhecimento,
a prática militar portuguesa nas praças d’Além, num constante e elevadíssimo
grau de prontidão, constituía a escola de guerra por excelência, não só de
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jovens fidalgos mas de soldados que, em comissão, serviam nas fortalezas,
sendo estas o centro de redes regionais de comércio, domínio territorial e apoio
militar. A principal característica destas operações era a sua rapidez e carácter
furtivo. Cedo os portugueses utilizaram montadas autóctones, o cavalo Barbo,
ou Berbere, conhecido pela rapidez, resistência a grandes amplitudes térmicas,
de porte pequeno, onde o cavaleiro estribava curto e ia munido de duas a três
lanças curtas, espada e punhal, cossolete ligeiro quando havia, e besta quando
11 Pormenor de gravura de Hans Burkmair o Velho, circa 1526. Domínio público, Wikicommons.
FEIO, Gonçalo Couceiro – «A Guarnição Militar». In DOMINGUES, Francisco Contente (Dir.) –
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Dicionário da Expansão Portuguesa, 1415-1600. Lisboa: Círculo de Leitores, Vol. I, 2016, pp. 471-474.
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