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5. A mobilização, Recrutamento
e Guerra Durante a Monarquia Dual (1581-1640)
exercitarem como cumpre a meu serviço e bem de meus reinos e senhorios e
dos ditos meus vassalos…” .
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1. a reforma Promissora
No mesmo ano em que assume o governo, 1568, o rei inicia o processo
reformista do aparelho militar que irá prolongar-se até ao fim do seu reinado. São
reativadas as companhias de ordenança na cidade do Porto, ao que se segue, no
ano seguinte, a reativação das companhias de Lisboa. Este primeiro e rápido esboço
completa-se com uma brevidade surpreendente. O diploma basilar da reforma,
o “Regimento dos Capitães-mores” foi publicado no final de 1570. Seguem-se os
primeiros “alardos”, designação coeva para os exercícios militares previstos na lei.
Documentados no Porto, Lisboa e Évora, as fontes apontam para uma generalização
a muitas outras localidades, em particular em toda a região do Alentejo, Algarve e
povoações costeiras. Entre setembro de 1570 e outubro de 1571, são organizados
quatro grandes exercícios na capital, que juntam vários milhares de homens das suas
30 companhias . Em 1572 referem-se os “alardos gerais” no “Rocio de São Brás”, em
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Évora , afirmação que parece sugerir que não se trata de uma situação avulsa. Dado
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revelador de que algo de novo se passa, no que respeitante à preparação dos soldados
da “milícia”, é a presença de “hum italiano velho, muy pratico”, contratado em Sabóia
“com outros sargentos práticos que mandou asallariar, e espalhar pelas Comarcas
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do Reino” Est it er outr se Giov Antoni Levo, sargento-
-mor do ducado de Sabóia e um dos arquitetos das extensas reformas militares
levadas a cabo pelo duque Emanuel Filisberto, poucos anos antes. Este é um aspeto
fundamental da reforma, a contratação de soldados “práticos na milícia”, para
adestrar os “soldados bisonhos”. É o próprio Levo que refere a chegada de veteranos
da Europa a Portugal, em carta dirigida ao duque de Sabóia, informando-o de que
o rei português procurava fazer regressar “suoi sudditi da tutte le parti dei mondo
pratici di guerra” .
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7 BORREGO, Nuno Gonçalo Pereira – As Ordenanças e as milícias em Portugal. Subsídios para o
seu estudo v.1. Lisboa: Guarda-Mor, 2006, p.867.
8 SOARES, Pedro Roiz – Memorial. Ed. M. Lopes de Almeida, Coimbra, Imprensa da Universidade,
1953, p.43.
9 SERRÃO, Joaquim Veríssimo – Documentos inéditos para a história do Reinado de D. Sebastião.
Coimbra: Imprensa da Universidade, 1958, pp. 115-16.
10 SERRÃO, 1958, pp. 115-16.
“Giovani Antonio Levo da Evora al duca Emanuele Filiberto, il 26 settembre 1573”, Archivio di
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Sato di Torino (Lettere di Particolari, L , m. 25, n. 3).
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