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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi























               Pormenor de um besteiro, à esquerda. Martírio de s. sebastião, de gregório Lopes  95


                  De acordo com o arrolamento devido ao infante D. Duarte (mais tarde
            inserido nas Ordenações Afonsinas), com data de Fevereiro de 1421, sabemos
            que  se  procurou  constituir  um  conto  nacional  de  cerca  de  5000  besteiros,
            a assegurar por pouco mais de 300 unidades de recrutamento . De acordo
                                                                       96
            com  o  mesmo  documento,  a  distribuição  interna  seria  de:  Entre  Tejo  e
            Guadiana e o Algarve, em conjunto, caberiam cerca de 35%; à Estremadura,
            aproximadamente 23% ou 24%; à Beira, à volta de 21% ou 22 %; ao Entre-
            -Douro-e-Minho, cerca de 12 %; a Trás-os-Montes, perto de 8 %.  Este número,
            de resto, era considerável se tivermos em conta que, em Castela, os besteiros de
            las nóminas, ordenados nas Cortes de Guadalajara (1390), não ultrapassavam
            os 1000 homens .
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                  Segundo  João  Gouveia  Monteiro,  a  raiz  social  e  profissional  dos
            besteiros  do  conto  encontrava-se  entre  os  mesteirais  casados,  só  muito
            excepcionalmente se arrolando gente de outra condição – designadamente

            pessoas que se dedicassem à lavoura, de modo a evitar a sangria de mão-de-
            -obra agrícola. Assim, a maioria destes combatentes são homens dos ofícios,
            tais como: sapateiros, alfaiates, ferreiros, carpinteiros e tanoeiros .
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            95  Museu Nacional de Arte Antiga.
            96  Ordenações Afonsinas. Livro 1, título LXIX, pp. 437-447.
            97  MONTEIRO, João Gouveia – Nova História Militar de Portugal. Vol 1, pp. 197-198.
            98  IDEM – Ibidem, p. 198.
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