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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi

                  Conhecemos a importância destes atiradores nas campanhas africanas,
            com  uma  participação  expressiva  na  conquista  de  Ceuta,  em  1415,  onde
            permanecem cerca de 600 besteiros. Segundo a Crónica do Conde  D. Pedro
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            de  Meneses ,  este  atirador  ficar  c    guar    couraç    das
            taracenas,      orde    Álvar      Ce    anade    besteiros
              cavalo      de  atiradore      D      que,  e  Portugal,
            ter  a  cerc      combatentes,  tendencialment    abonados
                corre  “  conto”,      e  que  sustentav  uma
            montada,                mar  e  c  A
            presença dos besteiros nos teatros norte-africanos manteve-se expressiva até
            ao final de Quatrocentos, como vimos de regimento de Tânger de 1472, que
            indicava representarem 26 % da guarnição . De resto, alguns desses homens
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            conservavam-se  nas  praças  marroquinas  durante  um  período  considerável,
            como foi o caso de Gonçalo Martins (natural de Ponte de Lima), que de acordo
            com uma carta de aposentação datada de 25 de Agosto de 1442 terá servido
            em Ceuta durante dois anos, quando ao “velar numa noite quando caíra e
            quebrara as cadeiras, maleita de que nunca ficou são e se ressentia quando
            chegava o Inverno, chegando com as dores nas cadeiras e ficar 10 ou 15 dias
            de cama” .
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                  De  facto,  a  eficácia  das  bestas  na  defesa  dos  muros  das  praças  foi
            comprovada  em  sítios  apertados  dos  muçulmanos,  que  geralmente  se
            apresentavam com poucas defesas de corpo. Foi o caso da defesa de Alcácer-
            -Ceguer,  em  1458,  em  que  os  besteiros  postados  na  barbacã  trespassaram
            consecutivamente,  com  os  seus  virotões,  os  mouros  que  se  aproximavam;
            ao  mesmo  tempo,  estes  atiradores  cobriram  as  surtidas  dos  homens  de
            armas de D. Duarte de Meneses, acções que no conjunto contribuíram para
            o  levantamento  de  um  assédio  apertado .  Mas  também  nas  campanhas
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            peninsulares, como Alfarrobeira (1449) e Toro (1476), os besteiros marcaram
            presença,  fazendo  notar-se,  como  veremos,  em  articulação  com  um  outro
            corpo de atiradores que despontava: os espingardeiros.




            102  ZURARA, Gomes Eanes de – Crónica do Conde D. Pedro de Meneses. Livro 1. Cap. VI, pp. 29-31.
            103  Biblioteca Nacional de Lisboa, Códice nº 1782. Livro da Barca de Tanger, fls. 1v-3v.
            104  Chancelaria de D. Afonso V, livro 35, fl. 107 v.
            105  ZURARA, Gomes Eanes – Crónica do Conde D. Duarte de Meneses. Cap. XXXVILRV, pp. 121-233.

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