Page 412 - recrutamento
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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi
meu sangue, com valor e brio, defendendo-os dos inimigos internos e
externos: assim o juro” .
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O ato solene de ratificação do juramento era realizado no último domingo
de cada mês, em parada geral do regimento, armado e com bandeira, mas com
as praças que iam ratificar o juramento desarmadas. A lógica do juramento
manteve-se com a República, mas agora com uma mensagem diferente. Todos
os mancebos no ato de assentarem praça faziam a afirmação solene de:
“juro pela minha honra, como cidadão e como soldado, servir bem,
inteira e fielmente a minha Pátria e obedecer prontamente às ordens
dos meus superiores relativas ao serviço, não abandonando o meu
posto nem os meus chefes, e dedicando-me valorosamente ao
desempenho dos meus deveres, ainda com sacrifício da própria vida. E
para firmeza de tudo, assim o declaro” .
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A ratificação era feita em domingo a designar pela Secretaria da Guerra, num
cerimonial muito próximo ao de hoje, com os recrutas armados que passando a
arma para a mão esquerda, por indicação do comandante e estendendo o braço
direito na direção da bandeira, repetiam as palavras de “ratifico publicamente
o juramento que fiz ao assentar praça” repetindo novamente a formula do
juramento . Em julho de 1915, sob proposta do Ministro da Guerra Norton de
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Matos, a fórmula ganhou um caráter vinculativo à República uma vez que foi
acrescentado à defesa da Pátria, “defender a República e a Constituição” .
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As mudanças que a República trouxe acabaram por ser de caráter limitado
e de implantação morosa. No fundo, e em termos de recrutamento, as mudanças
traduziram-se num maior número de incorporados, para um menor tempo de
serviço nas fileiras. A defesa militar de Portugal, quer na fase final da monarquia
constitucional quer na república assentou na ideia da nação armada sobre a
base do serviço pessoal e obrigatório numa conceção de exército profissional
durante a monarquia e de um exército miliciano durante a república.
Nas páginas da Revisa Militar, em 1891, Fernando Maya assumia que o
recrutamento era uma arma política de grande alcance e de contante emprego e
88 OE n.º 8, de 1889, pp. 162-163.
89 OE n.º 15, de 1914, p. 728.
90 OE n.º 15, de 1914, p. 729.
91 OE n.º 14, de 1915, p. 333.
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