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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi

                  meu sangue, com valor e brio, defendendo-os dos inimigos internos e
                  externos: assim o juro” .
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                  O ato solene de ratificação do juramento era realizado no último domingo
            de cada mês, em parada geral do regimento, armado e com bandeira, mas com
            as  praças  que  iam  ratificar  o  juramento  desarmadas.  A  lógica  do  juramento
            manteve-se com a República, mas agora com uma mensagem diferente. Todos
            os mancebos no ato de assentarem praça faziam a afirmação solene de:

                  “juro pela minha honra, como cidadão e como soldado, servir bem,
                  inteira e fielmente a minha Pátria e obedecer prontamente às ordens
                  dos  meus  superiores  relativas  ao  serviço,  não  abandonando  o  meu
                  posto  nem  os  meus  chefes,  e  dedicando-me  valorosamente  ao
                  desempenho dos meus deveres, ainda com sacrifício da própria vida. E
                  para firmeza de tudo, assim o declaro” .
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                  A ratificação era feita em domingo a designar pela Secretaria da Guerra, num
            cerimonial muito próximo ao de hoje, com os recrutas armados que passando a
            arma para a mão esquerda, por indicação do comandante e estendendo o braço
            direito na direção da bandeira, repetiam as palavras de “ratifico publicamente
            o  juramento  que  fiz  ao  assentar  praça”  repetindo  novamente  a  formula  do
            juramento . Em julho de 1915, sob proposta do Ministro da Guerra Norton de
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            Matos, a fórmula ganhou um caráter vinculativo à República uma vez que foi
            acrescentado à defesa da Pátria, “defender a República e a Constituição” .
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                  As mudanças que a República trouxe acabaram por ser de caráter limitado
            e de implantação morosa. No fundo, e em termos de recrutamento, as mudanças
            traduziram-se num maior número de incorporados, para um menor tempo de
            serviço nas fileiras. A defesa militar de Portugal, quer na fase final da monarquia
            constitucional quer na república assentou na ideia da nação armada sobre a
            base do serviço pessoal e obrigatório numa conceção de exército profissional
            durante a monarquia e de um exército miliciano durante a república.
                  Nas páginas da Revisa Militar, em 1891, Fernando Maya assumia que o
            recrutamento era uma arma política de grande alcance e de contante emprego e

            88  OE n.º 8, de 1889, pp. 162-163.
            89  OE n.º 15, de 1914, p. 728.
            90  OE n.º 15, de 1914, p. 729.
            91  OE n.º 14, de 1915, p. 333.
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