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10. 1890 -1926: Fé e Deus ou Honra e Pátria. Quatro Décadas de Recrutamento

                tabela 7 – Mancebos incorporados e respetivas percentagens segundo o grau de escolaridade

                          ler, esc.           Freq.        liceu   Freq.  superior
                analfabetos      1ºgrau  2ºgrau     5ºano                       total
                           mal                liceu      completo  sup.  completo
                  14509    4486   3308  1944   147   78     68    113     6     24660

                  58,84%  18,19% 13,42% 7,88% 0,59% 0,32%  0,27%  0,46%  0,02%  100,00%




                     Nos mancebos incorporados a percentagem relativa dos sem escolaridade
               cresce para os 77%.  O que estes dados nos permitem constatar, para além da
               evidente elevada percentagem de analfabetismo na juventude masculina sujeita
               ao processo de recrutamento para o exército, é que do universo inspecionado
               era no grupo sem escolaridade – analfabetos e que sabiam ler e escrever mal –
               que se dava, percentualmente, a maior taxa de incorporação. Ou seja, mesmo
               sem remissões era com a população masculina analfabeta que se preenchiam as
               fileiras do exército.


                     Fé e Deus ou Honra e Pátria, Mas apenas para alguns

                     Em  1763  o  Conde  de  Lippe  introduziu  o  Juramento  de  Fidelidade
               às  Bandeiras.  O  juramento  assumia  um  caráter  militar  reforçado  por  um
               enquadramento religioso que a presença do capelão formalizava. Cem anos
               depois, com Fontes Pereira de Melo e o seu Regulamento Geral para o Serviço
               dos Corpos do Exército, o Juramento de Fidelidade às Bandeiras passou a ser
               obrigatório no final da instrução quando o soldado era considerado pronto
               para o serviço em vez de ser no ato de alistamento.
                     Durante a monarquia o juramento de fidelidade às bandeiras para os
               mancebos  destinados  ao  Exército  era  feito  nas  unidades  de  destino.  Logo
               que o recruta se apresentava com a guia prestava o juramento na presença
               do  tenente-coronel  colocando  a  mão  direita  sobre  os  Santos  Evangelhos  e
               pronunciava em voz alta as palavras que lhe eram ditadas pelo capelão:
                     “juro, pela minha fé, e no Santo Nome de Deus, servir bem e fielmente
                     enquanto for alistado nas fileiras do exército português, de obedecer
                     com prontidão às ordens dos meus superiores concernentes ao serviço;
                     de jamais abandonar o meu chefe, ainda nas ocasiões mais perigosas;
                     e pela pátria, pelo rei e pela constituição política do país, verterei o

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