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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi

                  Também  seriam  extintas  as  comissões  de  recenseamento  militar  e
            criadas em sua substituição, em cada concelho ou bairro, uma repartição de
            recenseamento militar que ficaria responsável por todo o recenseamento militar
            incluindo o lançamento, cobrança e arrecadação da taxa militar, entre outras
            tarefas .
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                  A prestação do serviço militar durante a República pretendeu ser pessoal
            e obrigatório onde todos eram chamados à concretização da sua obrigação. É
            certo que a Grande Guerra foi disruptiva neste sistema e os anos de 1912 e 1913
            foram insuficientes para consolidar este projeto. Contudo os dados disponíveis
            dos números de recenseados, inspecionados, apurados e incorporados durante
            os anos de 1920 a 1926  permitem-nos concluir que os números de recrutas
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            incorporados eram, em média, pouco mais do que 25% do universo recenseado,
            ou seja, muito longe do propósito de uma nação em armas.
                  Também  não  deixam  de  ser  relevantes  os  dados  relativos  ao  grau  de
            escolaridade  dos  recenseados  e  a  percentagem  dos  incorporados  de  acordo
            com a escolaridade. As tabelas seguintes mostram-nos o valor médio, no triénio
            1924-1926,  dos  mancebos  inspecionados  e  incorporados  com  base  nas  suas
            habilitações literárias.


             tabela 6 – Mancebos inspecionados e respetivas percentagens segundo o grau de escolaridade

                       ler, esc.           Freq.       liceu   Freq.   superior
             analfabetos      1ºgrau  2ºgrau    5ºano                         total
                        mal                liceu      completo  sup.  completo
               37352   11895  9228   6169  817   384    233    281    35     66395

              56,26%   17,92% 13,90% 9,29% 1,23% 0,58%  0,35%  0,42%  0,05%  100,00%


                  Quase 75% dos mancebos inspecionados eram analfabetos ou sabiam ler
            e escrever mal, ou seja, sem escolaridade.








            86  OE n.º 14, de 1925, p. 928.
            87  Com base em OLIVEIRA, A. N. Ramires de – História do Exército Português (1910-1945). Volume
            IV. Lisboa : Estado-maior do Exército, 1995, pp. 417–419.
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