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10. 1890 -1926: Fé e Deus ou Honra e Pátria. Quatro Décadas de Recrutamento

                     Provas de fogo em África…
                     Os prazos espantosamente curtos entre a ordem de mobilização e a efetiva
               projeção  das  forças  verificadas  nas  campanhas  de  soberania  mantiveram-se
               aquando da mobilização das unidades para África, agora no contexto do início
               da Grande Guerra. Para as primeiras expedições para Angola e Moçambique e
               para a segunda para Angola, todas ainda no ano de 1914, as indicações foram
               para  que  o  efetivo  de  guerra  das  unidades  nomeadas,  desde  que  o  número
               de  praças  do  quadro  permanente  e  dos  licenciados  que  voluntariamente
               se  oferecessem  não  chegasse,  fossem  convocadas  as  classes  das  referidas
               unidades, a começar pela de 1914 . Ou seja, no final de 1914 e só para o teatro
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               de operações africano – Angola e Moçambique – estavam já mobilizados 10.123
               homens, essencialmente à custa do chamado pessoal militar permanente e de
               voluntários, o que representou um enorme desgaste do aparelho militar que
               tinha sido concebido pela organização imposta pela República .
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                     Por  exemplo,  o  3º  Esquadrão  de  Cavalaria  do  Regimento  de  Cavalaria
               nº9, no Porto, ficou de prevenção a partir de 18 de agosto de 1914 para ser
               destacado para Angola na 1ª Expedição. Iniciou a mobilização a 28 do mesmo
               mês, partindo para Lisboa em 6 e 8 de setembro e embarcando a força toda a
               10 e 12. Desembarcaram em Moçâmedes a 27 de setembro e a 01 de outubro .
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               Para  a  segunda  expedição  para  Angola  verificou-se  o  mesmo,  por  exemplo,
               o  3º  Batalhão  do  Regimento  de  Infantaria  n.º  17  recebeu  a  notícia  da  sua
               nomeação para integrar esta expedição a 15 de novembro de 1914 começando
               imediatamente os trabalhos de mobilização, convocando as praças licenciadas. A
               08 de dezembro saía de Elvas composto por soldados alentejanos das classes de
               1913 e 1914. Dois dias depois o batalhão embarcou com destino a Moçâmedes .
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                     … e no continente europeu
                     De entre todas as forças expedicionárias mobilizadas para os diferentes
               teatros de operações, o Corpo Expedicionário Português foi o que constituiu o

               78  OE n.º 19 de 1914, p. 1210 e 1351.
               79  FRAGA, Luís Alves De – Portugal na Grande Guerra. O recrutamento, a mobilização e o roulement
               nas frentes de combate. Factos e números. O Recrutamento Militar em Portugal. Lisboa : Comissão
               Portuguesa de História Militar, 1996, p. 110).
               80  MACEDO, Alberto – Relatório do Cmdt 3/RC9 da 1  Expedição.
                                                      a
               81  LEMOS, Domingos José Santos de – 3 o  BATALHÃO DE INFANTARIA 17 NA GRANDE GUERRA
               1914-1918  (1932).
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