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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi
condições: os “compelidos” os “faltosos”, os “refratários” e os “desertores” que
eram assim considerados de acordo com a lei do serviço militar em vigor :
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− Compelido: o homem que não realizava as operações de recrutamento
a que estava obrigado (aquele que não era recenseado, que não dava
o nome para a tropa).
− Faltoso: o homem que não se apresentava à inspeção miliar (inspeção
sanitária que definia se o homem era apto ou inapto para o serviço
militar).
− Refratário: aquele que tendo ficado apurado para o serviço militar, não
se apresentava à incorporação, no quartel, a que era destinado.
− Desertor: era o militar que estando já incorporado, abandonava as
fileiras.
De entre os cerca de 202.000 faltosos no período de 1961 a 1973 estavam
muitos emigrantes, que tinham saído do país em busca de melhores condições
de vida, sendo que a guerra seria mais uma das fortes razões para emigrar. No
período da guerra verificou-se um grande aumento da emigração, como se
pode observar na tabela seguinte, comparando a quantidade de pessoas que
emigraram em períodos anteriores:
Quantidade total de
Período emigrantes Média anual
1933 a 1945 115.049 8 850
1946 a 1959 400.708 28.600
1960 a 1974 1.465.435 97.700
O destino principal da emigração era a França e considerando os dados
seguintes relativos à emigração ilegal para aquele país e a emigração legal total
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em cada ano, podemos verificar como durante o período da guerra a saída de
Portugal sem sancionamento das autoridades aumentou significativamente e
que, após 1969, atingia valores superiores à quantidade total de emigrantes
3 Lei do Recrutamento e Serviço Militar (Lei nº 1961 de 1 de setembro de 1937) com as alterações
introduzidas pela Lei nº 2034 de 18 de julho de 1949, pelo Decreto-Lei nº 38918 de 18 de setembro
de 1952 e pela Lei nº 2135 de 11 de junho de 1968.
INE (Instituto Nacional de Estatística) – Estatísticas Demográficas 1972.
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