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11. Nação e Mobilização – Estratégia e Recrutamento na Era Salazar (1933-1959)

               OTAN e o imperativo de criar as condições para a uma eficaz cooperação entre
               os  aliados,  em  processos  que  hoje  denominaríamos  de  interoperabilidade,
               lentamente os altos comandos portugueses aperceberam-se de que não bastava
               assegurar uma instrução básica a uma massa grande de soldados, oriundos do
               serviço universal geral militar. A tecnologia militar e os processos industriais que
               com ela se correlacionavam impunham a criação de numerosas especialidades
               técnicas complexas para o qual não só não havia em Portugal pessoal qualificado,
               como a educação básica que era ministrada na sociedade civil se evidenciava
               parca na gestação de elementos com as competências necessárias para tal.

                     O número de classes instruídas pelo serviço militar geral, nos cálculos dos
               altos comandos, permitiriam assegurar a possibilidade de Portugal mobilizar,
               julgava-se,  cerca  de  dez  divisões  em  tempo  de  guerra.  Mas  a  instrução  da
               futuramente denominada divisão OTAN ou divisão Nuno Álvares, bem depressa
               demonstrou  que  as  condicionantes  tecnológicos  e  industriais  da  guerra
               contemporânea inviabilizavam um tão ambicioso projeto militar. Efetivamente,
               para o final da década de cinquenta do século XX era evidente aos comandos
               do Exército que mesmo a mobilização de uma divisão de infantaria mecanizada
               completa tinha escolhos bem complexos. Na verdade, por 1957-1958, mesmo
               essa divisão estava em condições operacionais limitadas. A experiência da OTAN
               demonstrou que o projeto dos anos 30 de defesa nacional já não era viável no
               período da Guerra Fria.
                     Não obstante o serviço militar geral universal seria de máxima utilidade
               no  período  imediatamente  consequente,  o  da  Guerra  Colonial.  Todavia  já
               não espelhava o grande projeto estratégico-militar dos anos trinta, mas uma
               realidade completamente diferente e que já participa de outra história, que não
               desta.



















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