Page 461 - recrutamento
P. 461
11. Nação e Mobilização – Estratégia e Recrutamento na Era Salazar (1933-1959)
OTAN e o imperativo de criar as condições para a uma eficaz cooperação entre
os aliados, em processos que hoje denominaríamos de interoperabilidade,
lentamente os altos comandos portugueses aperceberam-se de que não bastava
assegurar uma instrução básica a uma massa grande de soldados, oriundos do
serviço universal geral militar. A tecnologia militar e os processos industriais que
com ela se correlacionavam impunham a criação de numerosas especialidades
técnicas complexas para o qual não só não havia em Portugal pessoal qualificado,
como a educação básica que era ministrada na sociedade civil se evidenciava
parca na gestação de elementos com as competências necessárias para tal.
O número de classes instruídas pelo serviço militar geral, nos cálculos dos
altos comandos, permitiriam assegurar a possibilidade de Portugal mobilizar,
julgava-se, cerca de dez divisões em tempo de guerra. Mas a instrução da
futuramente denominada divisão OTAN ou divisão Nuno Álvares, bem depressa
demonstrou que as condicionantes tecnológicos e industriais da guerra
contemporânea inviabilizavam um tão ambicioso projeto militar. Efetivamente,
para o final da década de cinquenta do século XX era evidente aos comandos
do Exército que mesmo a mobilização de uma divisão de infantaria mecanizada
completa tinha escolhos bem complexos. Na verdade, por 1957-1958, mesmo
essa divisão estava em condições operacionais limitadas. A experiência da OTAN
demonstrou que o projeto dos anos 30 de defesa nacional já não era viável no
período da Guerra Fria.
Não obstante o serviço militar geral universal seria de máxima utilidade
no período imediatamente consequente, o da Guerra Colonial. Todavia já
não espelhava o grande projeto estratégico-militar dos anos trinta, mas uma
realidade completamente diferente e que já participa de outra história, que não
desta.
449