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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi

                  Os  diversos  estudos,  oriundos  de  várias  entidades  militares  distintas
            e os textos que amiúde se debruçavam sobre as questões da defesa nacional
            e  da  estratégia  militar  com  esta  correlacionada,  tinham  como  pedra  angular
            a mobilização da massa válida da nação, a sua conscrição, com a qual armar
            uma  força  militar  que  assegurasse  a  inviolabilidade  do  território  nacional
            imediatamente  na  raia  ou  dificultasse  de  forma  considerável  qualquer
            penetração no território metropolitano. Para tal antevia-se um serviço militar
            geral e universal de no mínimo um ano (muitos teóricos pretendiam um de dois
            anos) que com o acumular de efetivos permitisse a Portugal mobilizar cerca de
            10% da sua população em tempo de guerra, num prazo de tempo de cerca de
            um mês. O efetivo a mobilizar balizava-se entre os 250.000 e os 500.000 efetivos.
                  A lei 1960 sobre a Organização Geral do Exército e a Lei 1961 sobre o
            Recrutamento e o Serviço Militar eram o resultado destes estudos e da doutrina
            deles  decorrentes.  As  leis  instituíam  o  serviço  militar  geral  universal  e  a
            mobilização nacional em três escalões, o núcleo das tropas ativas, o núcleo das
            tropas licenciadas e o núcleo das tropas territoriais, assegurando o levantamento
            nacional da massa válida masculina da nação para o esforço de defesa nacional e
            da estratégia militar de defesa. Elas asseguravam que cerca de 30.000 mancebos
            seriam anualmente instruídos pelo Exército assegurando a disponibilidade de
            uma força de largas centenas de milhares de soldados em tempo de guerra.
                  Com efeito, com a entrada de Portugal na OTAN, o Exército contava dispor,
            para por ao serviço da aliança, com cerca de 600.000 soldados, considerando as
            25 classes entretanto instruídas. Não obstante, lentamente apercebeu-se que
            uma coisa era ter instruído de uma forma básica largas centenas de milhares
            de efetivos, outra, era a sua prontidão para travar uma guerra contemporânea.
                  A  pedra  angular  da  defesa  nacional  e  da  estratégia  militar  com  ela
            correlacionada  era  a  conscrição  e  o  serviço  universal  e  geral  militar,  não
            obstante, já no período entre-as-guerras, as grandes potências tinham de uma
            forma  mais  ou  menos  acentuada  percebido  que  a  componente  tecnológica
            industrial do porvir da guerra era igualmente muito relevante, e isso levara ao
            desenvolvimento de forças motomecanizadas interconectadas via radiotelefonia
            entre si e com os meios aéreos de suporte direto, num processo cada vez mais
            acentuado  de  integração  e  coordenação.  Essas  forças  estariam  na  base  das
            grandes unidades blindadas e mecanizadas que existiam em todas as grandes
            potências  no  dealbar  da  2ª  Guerra  Mundial.  Com  a  entrada  de  Portugal  na


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