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o recrutamento
M I L I t a R e N t R e o F I N a L D a
R e C o N Q U I s t a e a s V É s P e R a s
De CeUta (1249-1415)
Miguel Gomes Martins 1
À semelhança do que sucedia um pouco por todo o ocidente europeu ,
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também em Portugal se assistiu, por meados do século XIII – período coincidente
com os anos finais da Reconquista – à falência dos modelos de recrutamento dos
exércitos, em particular dos que asseguravam o contributo da nobreza e das
milícias dos concelhos.
Desde a recusa, pura e simples, de participação nas operações militares,
até ao afastamento progressivo da fronteira, passando pela deterioração
do armamento dos combatentes e pela exigência de melhores formas de
remuneração, muitos foram os motivos que contribuíram para que tal se
verificasse. Confrontada com este cenário, a Coroa portuguesa foi respondendo
conforme podia, mas sempre dentro das limitações impostas, por um lado, por
recursos populacionais reduzidos e, por outro, pela disponibilidade dos seus
cofres, mas também pelos constrangimentos decorrentes da conjuntura político-
-militar que, em momentos de maior turbulência, condicionaram em muito a sua
capacidade para implementar medidas mais profundas e de maior alcance, mas
que, ao mesmo tempo, permitiram ensaiar e pôr em prática modelos alternativos
1 Instituto de Estudos Medievais / FCSH e Gabinete de Estudos Olisiponenses / CML.
E-mail: miguel.martins.283a@gmail.com
GARCÍA FITZ, Francisco – Las huestes de Fernando III. Archivo Hispalense, 2ª Época, nº 234-236,
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Número monográfico Fernando III y su Época, 1998, p. 20; e CONTAMINE, Philippe – War in the
Middle Ages. Oxford (UK) / Cambridge (USA), Blackwell, 1996, p. 79.
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