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ARMAS COMBINADAS 09 - 81
7. Ensinar pelo exemplo em que há medidas claras para o controlo, mas
O
que nunca se deve excluir o potencial risco. Com
«Diga-me e eu esquecerei. Ensina-me e eu lem-
brar-me-ei. Envolva-me e eu aprenderei.» isto facilmente se compreende que o instrutor
(Benjamim Franklin) de tiro militar, deve conhecer as suas responsa-
bilidades e estar disposto a assumi-las. Nesse
Esta é uma “Máxima” que deve motivar o ins- sentido deve ser um conhecedor profundo das
trutor de tiro militar todos os dias quando se le- matérias a ministrar, dos exercícios a executar e
vanta. Há pouco mais de uma década o instrutor do nível de treino do grupo de instruendos, sen-
de tiro não era fisicamente preparado, quase não do deste modo capaz de elevar o nível do treino
usava equipamento quando dava uma instrução mantendo e assegurando o controlo dos riscos.
e também não preconizava grandes exemplos. Temos assim de ter consciência de que não há
Atualmente a nova geração de instrutores de evolução sem risco, sob pena de haver a estag-
tiro militar, estão fisicamente preparados, equi- nação do treino e da evolução do próprio militar.
pam á semelhança dos instruendos da linha de
O
tiro, e demonstram o pretendido através da sua 9. Instrutor eclético
execução. Esta performance da nova geração de «Não há mais do que cinco notas musicais, mes-
instrutores, veio desacreditar aqueles que diri- mo assim, a combinação dessas cinco, faz surgir
giam linhas de tiro, sem recurso a vozes, apenas mais melodias, que jamais poderão ser ouvidas.»
ao som do apito e muitas vezes com a mão no (Sun Tzu)
bolso. Os instrutores de tiro militar e de combate O instrutor de tiro militar tem por tarefa en-
atuais, são profissionais cuja imagem e postura sinar a diferença entre disparar uma arma e com-
transmite credibilidade e profissionalismo. A pri- bater com uma arma. O tiro realizado por um gru-
meira opinião relativa a um instrutor que nos é po de atiradores em linha numa carreira de tiro
desconhecido, entra pela retina e chama-se ima- esterilizada, é um cenário elementar e redutor
gem, por isso mesmo uma boa imagem terá um que não prepara o militar para a realidade que o
efeito positivo, de credibilidade e de motivação. espera em combate.
Manter a forma e disponibilidade física, o farda-
mento e equipamento adequado em comunhão Ao instrutor de tiro militar exige-se a capaci-
com a pedagogia adequada são a garantia para dade para não só ensinar o instruendo a dar tiro
uma instrução credível e eficaz. O recurso a uma como também a aplicar toda a doutrina ineren-
boa imagem e postura como exemplo do preten- te ao tiro de combate, assumindo desta forma a
dido, envolve e contagia de forma decisiva os mi- responsabilidade de fazer a ponte entre o tiro, a
litares conseguindo-se atingir mais rapidamente Técnica Individual de Combate (TIC) e todas as
os objetivos pretendidos. restantes disciplinas inerentes á formação ope-
racional do militar, replicando em contexto de
8. Riscos e responsabilização carreira de tiro cenários tão diversos como se-
O
«O grande risco é não assumir nenhum risco.» jam: disparar e combater por detrás de um abrigo,
(Mark Zuckerberg) disparar e combater em ambientes com pouca
luminosidade, disparar e combater em redor e a
Ser instrutor de tiro é uma missão tão nobre
quanto responsável, dirigir uma sessão ou trei- partir do interior de veículos, cenários urbanos ou
no de tiro pode implicar que um grupo de vários de vegetação densa entre outras. Esta assimetria
militares estejam no mesmo espaço, com armas de cenários exige que o instrutor de tiro militar
de fogo carregadas e prontas a fazer fogo. Muito seja eclético e esteja em constante busca de co-
embora para o comum dos cidadãos isso possa nhecimento, aprendizagem e treino, por forma a
parecer um ambiente altamente perigoso, todos melhor conseguir fazer a ponte entre o tiro em
nós sabemos que é um ambiente controlado, carreira de tiro e o tiro em ambiente operacional.