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entre a hIspânIa e o norte

                    De ÁFRICa (1415-1495)






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                     Nota prévia

                     A transição da Idade Média para o período Moderno ficou marcada por
               uma  escalada  de  violência  na  Cristandade .  Se  o  prolongamento  da  Guerra
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               dos Cem Anos agitou a primeira metade do século XV, a segunda parte não
               foi menos belicosa no velho continente, isto se contarmos com a Guerra das
               Rosas em Inglaterra; os conflitos gauleses de Luís XI e Carlos, o Temerário; ou a
               ameaça Turca sobre os Balcãs e a Península Itálica, uma vez conquistada a mítica
               Constantinopla aos Bizantinos em 1453. Lutando pela supremacia do poder régio
               e pela definição de fronteiras , as “cabeças coroadas” impulsionaram então a
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               arte bélica a um nível sem precedentes no Ocidente Medieval – de tal forma
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               «Revolução  Militar» ,  considerando  aspectos  como:  o  destronar  da  cavalaria
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                 Mestre em História Medieval. E-mail: antonio_martinscosta@hotmail.com
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                   O autor não utiliza o novo acordo ortográfico.
               2  HALL, Bert S. – Weapons & Warfare in Renaissance Europe: Gunpowder, Technology, and Tactics.
               Baltimore: Johns Hopkins University Press, pp. 105-134.
                  LE GOFF, Jacques – A civilização do Ocidente Medieval. Vol. 1. Trad. Manuel Ruas. Lisboa: Edito-
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               rial Estampa, 1983, pp. 144-145.
               4  Referimo-nos  ao  conceito  de  «Revolução  Militar»  que  Michael  Roberts  propôs,  em  1955,
               considerando uma transformação espectacular na arte da guerra que teria ocorrido no século XVII
               aquando das reformas bélicas de Gustavo Adolfo e de Maurício de Nassaue. Mas a proposta do
               historiador inglês tem vindo a ser debatida por outros pares, que lhe vêm retocando os conteúdos
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