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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi

            ano, Álvaro Vaz de Almada capturou a Amieira; enquanto isso, o próprio infante
            D. Pedro, acompanhado pelo infante D. João e pelos sobrinhos (os condes de
            Ourém e de Arraiolos), avançou sobre o Crato, cujo castelo se rendeu em Janeiro
            do ano seguinte. Dos apoiantes de D. Leonor só faltava submeter o conde D.
            Afonso  de  Barcelos,  que  aceitou  negociar,  em  Lamego,  recebendo  em  1442
            o valioso ducado de Bragança. Entretanto, ainda na expectativa do apoio dos
            irmãos, a rainha D. Leonor fugiu para Castela, onde viria a falecer em 1445 .
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                  Duque de Coimbra e regente de Portugal, D. Pedro governou durante anos
            sem grande contestação, por um lado reforçando da autoridade régia, por outro
            lado  doando  muitas  terras  e  criando  títulos,  qual  senhor  feudal.  No  cenário
            peninsular, o regente intervém na guerra civil castelhana ao lado do rei Juan II
            contra os infantes de Aragão. Foi nesse quadro que promoveu três campanhas:
            em Agosto-Setembro de 1441, através de D. Duarte de Meneses, que actuou nas
            terras do mestrado de Santiago; em Março-Abril de 1444, por meio do mestre de
            Alcântara, que defendeu Sevilha e Carmona; e a terceira em Maio de 1445, com
            o jovem condestável D. Pedro, seu filho, que foi em socorro do monarca vizinho
            por ocasião da Batalha de Olmedo, onde só chegou a tempo dos festejos .
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                  Em 1446, atingida a maioridade por D. Afonso V (14 anos), o jovem rei
            solicitou ao tio que se mantivesse em funções no governo do reino. Mas na
            Corte as intrigas foram crescendo contra D. Pedro, que dois anos volvidos se
            retirou para o seu ducado de Coimbra e deixou o conselho régio nas mãos dos
            seus inimigos da Casa de Bragança. O ambiente tornou-se explosivo quando, em
            1449, o ex-regente se recusou a entregar à Coroa certo armamento depositado
            nos seus castelos e, mais ainda, quando impediu pela força o duque de Bragança
            de atravessar os seus domínios a caminho da Corte, obrigando assim o velho D.
            Afonso, seu meio-irmão, a desviar o seu trajecto pela Serra da Estrela.
                  O reino estava à beira de um novo enfrentamento interno. O ex-regente
            regressou a Coimbra, escutou o conselho ducal e organizou uma hoste com
            perto de 1200 cavaleiros e 2300 peões, com a qual se pôs em marcha para Sul.
            O infante D. Pedro fez então caminho por Batalha, Alcobaça e Rio Maior, onde
            evitou um confronto directo com as tropas régias (concentradas em Santarém)
            e inflectiu para Lisboa, contando que a cidade tomasse o seu partido como
            acontecera dez anos antes. Com 4000 cavaleiros e 12 000 peões da hoste régia


               IDEM – Ibidem, pp. 152-153.
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               IDEM – Ibidem, p. 153.
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