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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi

            régio se ia definindo em cargos de comando: o condestável  e o marechal ,
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            desde o reinado de D. Fernando, respectivamente primeira e segunda figuras
            da hoste, com funções de comando, de justiça e de logística, cargos esses que
            prosseguem em mãos de famílias nobres proeminentes (o lugar de condestável
            tendencialmente  na  família  ducal  de  Bragança,  descendente  de  Nun’Álvares
            Pereira, enquanto que o lugar de marechal se mantém entre os Coutinho );
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            o alferes-mor , que deixa os antigos serviços de chefia em nome do rei para
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            assumir, enquanto porta-estandarte, funções de carácter simbólico e de prestígio
            (basta lembrar o ilustre episódio de Duarte de Almeida, decepado na Batalha de
            Toro de 1476); o adail , que na coluna de marcha servia como olhos e ouvidos
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            do exército em trânsito; e porque se tratava de um século de desenvolvimento
            da pirobalística, não podemos deixar de mencionar o vedor-mor da artilharia,
            surgido  durante  a  regência  do  infante  D.  Pedro  (década  de  1440),  com  a
            nomeação de Álvaro de Brito (servira no ducado da Borgonha, onde tanto se
            apostava no desenvolvimento das armas de fogo), a quem cabia identificar as
            peças da Coroa extraviadas, requisitar meios para transporte terrestre e fluvial,
            mobilizar oficiais para servir na artilharia e pagar aos bombardeiros .
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                                a hoste régia portuguesa no século XV
                         campanhas               Número de combatentes (aproximado)
             Ceuta (1415)                                     15 000

             Tânger (1437)                                     8000
             Alfarrobeira (1449)                              16 000

             Alcácer-Ceguer (1458)                            20 000
             Arzila e Tânger (1471)                           20 000
             Guerra da Sucessão de Castela (1475)             19 600



               Ordenações Afonsinas. Nota de apresentação de Mário Júlio de Almeida Costa. Nota textológica
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            de Eduardo Borges Nunes. 2ª ed. Livro I, título LII. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1998,
            pp. 306-615.
            45  Ibidem. Livro I, título LIII, pp. 319-328.
            46  MONTEIRO, João Gouveia – História Militar de Portugal, p. 173.
            47  IDEM – Ibidem, p. 217.
            48  Ordenações Afonsinas. Livro I. Título LXV, pp. 387-394.
            49  MONTEIRO, João Gouveia – História Militar de Portugal, pp. 174-175.
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