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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi
Um aspeto a que é dada particular atenção neste novo regulamento foi
colocar as autoridades militares no sorteio, enquanto operação de recrutamento,
e assim acabar-se com “a ideia bastante enraizada, e muitas vezes injusta, de
que às autoridades administrativas se deviam, em grande parte, os abusos e
irregularidades que a todo o instante e por todo o país se notam em assuntos de
tanta importância para o estado e para os cidadãos”. Tratava-se de uma sugestão
já havia algum tempo reclamada por alguma oficialidade . A sessão continuou
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pública e a realizar-se nos paços do concelho, mas agora era levada a cabo por
uma comissão presidida pelo oficial comandante do distrito de recrutamento
e reserva. A crer pelos relatórios gerais de recrutamento que passaram a ser
elaborados depois de 1896, é notório na população – pais e mancebos – um
reconhecimento na probidade usada pelos oficiais nas operações de sorteio .
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Por exemplo, no relatório de 1898 reconhecia-se que o sorteio inspirava a
confiança dos mancebos recenseados pois era feito, segundo a mesma fonte,
“com todo o escrúpulo e imparcialidade” .
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A inspeção sanitária dos recrutas constituía “uma das mais árduas
missões do serviço medico-castrense” pelo que aquando da introdução deste
novo Regulamento de Recrutamento o Rei D. Carlos pedia que os generais
comandantes de divisão e o cirurgião chefe do Exército fizessem constar aos
subordinados que sua Majestade confiava que todos “dedicarão a esse serviço
todo o zelo, proficiência e imparcialidade” .
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Sustentação e mobilização
Em tempo de paz a força militar compunha-se das tropas ativas e de
reserva. No caso do Exército as tropas ativas eram constituídas pelas praças dos
contingentes ativos dos três últimos anos e, naquela instituição, existiam duas
reservas: a primeira composta pelas praças que já tinham servido nas tropas
ativas com um tempo legal de serviço de três anos; no caso da segunda reserva
as praças eram quem já tinha cumprido o seu serviço na primeira reserva e
todos os restantes incluindo os apurados que nunca fizeram parte das tropas
37 MAYA, F. – A emigração e o serviço militar. Revista Militar, XLIII:7 (1891), pp. 193–198.
38 Relatório geral dos serviços de recrutamento em 1896, pp. 15-16.
39 VIANNA, Candido Augusto Da Cunha – Relatório geral dos serviços de recrutamento em 1898.
Lisboa : [s.n.], p. 54).
40 OE nº21 de 1896, p. 771. Esta mesma circular era publicada na Revista Militar no nº16 de 1896.
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