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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi
soldado neste período tinha como pret mensal cerca de 4$500 réis e um 1º Cabo
tinha cerca de 9$000 réis .
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Quer pelo pagamento das taxas que nunca foram efetivas, quer pela
possibilidade de se remir, a prestação do serviço militar ficou reservado a quem
não tinha capacidade financeira para o fazer nem antes do alistamento, nem
durante o seu cumprimento efetivo.
Algumas provas de fogo
As campanhas que se sucediam em África, apesar dos sucessos
conseguidos, iam exigindo rendição regular e periódica de forças do reino no
serviço que prestavam no ultramar. O modo como se processava o levantamento
dessas unidades com a nomeação do seu pessoal e a concentração do material
necessário é interessante porque permite a compreensão, ao nível das unidades
regimentais, da aplicabilidade das leis do recrutamento e mobilização.
A nomeação, em 23 de julho de 1898, publicada em Ordem do Exército
nº11 deste mesmo ano, de dois pelotões de cavalaria do Regimento de Cavalaria
N.º6 (RC6) para integrarem uma força expedicionária posta à disposição do
Ministério da Marinha e ultramar para embarcar para a Moçambique oferece-
-nos um bom caso para este propósito.
A ordem para aprontar os dois pelotões chegou ao regimento por nota do
quartel-general da divisão e foi publicada em Ordem de Serviço do Regimento a
28 de julho dando conta do efetivo necessário: três oficiais, três sargentos, oito
cabos e 59 praças. O cirurgião ajudante e o veterinário são também nomeados
pelo RC6. Nesta mesma ordem informou-se que as praças receberiam 200
cartuchos para a espingarda e deveriam fazer-se acompanhar do respetivo
material de bivaque. Informou-se que a 1ª Companhia era a nomeada e como
reserva todas as praças da 2ª Companhia. E que “não havendo tempo para
mandar recolher as licenças registadas da 1ª companhia (…) as mais companhias
fornecerão o número de praças precisas para preencher o número que faltar e
dos que forem julgados impróprios para aquele serviço”. Acrescentou ainda que
“se alguma praça desejar voluntariamente fazer parte da força que destaca para
Moçambique fará a sua petição amanhã a fim de ser resolvida”.
No dia seguinte, 29 de julho, foi nomeado como comandante da força
o capitão Alberto José Diogo de Barros e Abreu pelo que passou a comandar
59 Vencimento mensal sem gratificações, por consulta dos Almanaques do Exército.
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