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10. 1890 -1926: Fé e Deus ou Honra e Pátria. Quatro Décadas de Recrutamento
a 1ª Companhia tomando posse na tarde do dia 31 de julho. Ainda neste dia
se informou das trocas e novas colocações para constituição da força já que se
facultou “a todas as praças do regimento poderem trocar, a fim de preencher o
número de praças pedidas que a mesma companhia não pode fornecer e ainda
para coagir aquelas que não desejem fazer parte da força a destacar havendo
muitas que se oferecem” . Verificaram-se as seguintes trocas: os três sargentos
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da 1ª companhia foram trocados por outros de outras companhias, o mesmo
acontecendo com um cabo, o ferrador e quatro soldados. Dois soldados não
foram aprovados pela junta de inspeção e um cabo e 27 soldados estavam
em situações que os impediam de integrarem a força. Provenientes de outras
companhias ofereceram-se cinco cabos e 23 soldados. As trocas efetivaram-se a
01 de agosto com revista á força às 06 horas da manhã.
A força marchou a 02 de agosto para dar entrada em Lisboa no dia 05. A
questão do material é também merecedora de algum pormenor. A força não levou
os capacetes nem as respetivas ferragens já que receberiam em Lisboa o chapéu
de feltro. Os militares da força levaram o respetivo fardamento e equipamento
individual e devidamente armazenado e encaixotado o armamento e correame
bem como 40 arreios (que o capitão comandante “pode escolher dos melhores
que encontrar nas companhias”) completos com o respetivo equipamento de
cavalo. Em Lisboa a força receberia 17.000 cartuchos 6,5mm m/1896, uma
manta, um pano de enverga, um travesseiro, duas camisas de flanela e um
par de alparcatas por cada praça de pret. A força embarcou a 18 de agosto e
desembarcou em Inhambune, Moçambique, a 15 de setembro.
Cerca de um ano depois, a 07 de setembro de 1899 a força, com um total
de dois oficiais, dois sargentos e 46 praças, desembarcou em Lisboa dando
entrada no Lazareto a fim de cumprir 12 dias de quarentena .
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Um outro exemplo interessante é a opinião do comandante da expedição
na campanha do Cuamato, no sul de Angola em 1907. Alves Roçadas, no relatório
final desta vitoriosa campanha, considerou que o recrutamento das unidades de
marinha e do exército mobilizadas constituiu um dos factos mais honrosos para
o país. Mesmo sabendo que se tratava de uma campanha militar para combater
um inimigo que tinha imposto uma pesada derrota em 1904 “logo que pelos
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60 Ordem de Serviço (OS) n.º 210 a 213 do RC6, de 29 de junho a 01 de agosto de 1898.
61 OS n.º 252 e 253 do RC6, de 11 e 12 de setembro de 1899, respetivamente.
62 Ver FREIRE, João – João Roby e o desastre do vau de Pembe. Lisboa – Academia de Marinha, 2017.
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